Impacto da queima da cana-de-açúcar sobre internações hospitalares por doenças respiratórias

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é avaliar o impacto das emissões da queima da cana-de-açúcar sobre o número de internações hospitalares por doenças respiratórias em uma região canavieira. Registros de internações hospitalares por doenças respiratórias foram adquiridas a partir da base de dados referentes ao sistema de informações hospitalares do sistema único de saúde (SIH-SUS), no período de 28 de março de 2011 a 28 de dezembro de 2012. Níveis de MP10, NO2, O3, temperatura e umidade relativa foram registradas. Modelos de regressão logística foram construídos para analisar a associação entre o número total de internações, poluentes atmosféricos e variáveis meteorológicas. Foram registradas 1.179 internações, dentre elas a pneumonia mostrou aumento significativo no período de queima (p = 0,005). Neste mesmo período observou-se que o cluster MP10 e NO2 influenciou 67,9% (IC95%: 11,111-2,537), seguido do cluster MP10, NO2, O3 e temperatura que influenciou 91,1% (IC95%: 1,116; 3,271) no número total de internações. Durante o período de queima houve maior número de internações por doenças respiratórias, principalmente de pneumonia, quando foi observada a influência dos poluentes e temperatura no processo de adoecimento da população.

Queima de biomassa da cana-de-açúcar e hospitalizações de crianças e idosos por agravos respiratórios em Pernambuco, Brasil

“…A associação entre a prática regular de queimada e consequências negativas para saúde respiratória também foi evidenciada por Castro et al 46 e Souza 47 , quando verificada uma correlação positiva entre a variação das ocorrências de focos de calor e registros de agravos respiratórios em menores de 4 e 5 anos, em seus respectivos estudos. Mais recentemente, Ramos et al 48 encontraram uma diferença significativa do número de internações por doenças respiratórias no período da queima, em comparação ao período de não queima (p = 0,011). Castro et al 34 evidenciaram correlações positivas entre focos de calor provenientes de queimadas com taxas de mortalidade em idosos por doenças respiratórias agudas (p = 0,0001 para faixa etária de 65 a 74 anos e p = 0,0007 para idosos com 74 anos e mais) e por DPOC em idosos (p = 0,0003 para faixa etária de 65 a 74 anos e p = 0,0001 para idosos com 74 anos e mais).…”

Mapeamento Espaço - Temporal De Uma Década De Incidência De Asma Em Crianças Em Municípios Paulistas

“…Embora estudos (CANÇADO et al, 2006;HUANG et al, 2019;RAMOS et al, 2019) evidenciam uma associação entre qualidade do ar e número de pacientes com quadros asmáticos, nosso estudo não mostra correlação significativa (Tabela 1) entre taxa de asma e focos de queimada, isso tanto ao se considerar a região geográfica do município como um todo ou somente a área urbana, onde há maior concentração populacional, independentemente do ano analisado no período de 11 anos. Uma pesquisa que avalia o impacto da queimada da cana-de-açúcar sobre as internações por enfermidades respiratórias no município de Presidente Prudente-SP entre 2011 e 2012, também, não demonstra aumento significativo entre internações por asma no período de queima comparado ao período de não queima da cana (RAMOS et al, 2019). Resultados similares foram encontrados em um estudo com crianças realizado em Manaus, entre 2002 e 2009, no qual não se observou significância entre internações por doenças respiratórias e focos de queimadas (FILHO et al, 2013).…”

“…Essas informações são essenciais para melhorar e intensificar as políticas de saúde para doenças de maior prevalência, como a asma, e em grande escala geográfica, capaz de atingir números que representam escalas nacionais, estaduais ou regionais/municipais. Embora haja estudos sobre impacto da asma no Brasil (VALENÇA et al, 2006;SILVA et al, 2009;RODRIGUES et al, 2010;WEHRMEISTER et al, 2012;FILHO et al, 2013;RODRIGUES et al, 2013;CARDOSO et al, 2017;SOUZA et al, 2017;FERNANDES et al, 2018;RAMOS et al, 2019), assim como de outras doenças, tais como a COVID-19 (CARDOSO et al 2020;DO VALE, 2020), até o momento, nenhum trabalho aborda a questão da distribuição multitemporal da incidência de asma em crianças na região Oeste do estado de São Paulo; uma área caracterizada por forte desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Brasil (RAMOS et al, 2019). Há apenas dois estudos na temática de doenças respiratórias nessa região, o de Vioto et al (2017) e Ramos et al (2019).…”

“…Embora haja estudos sobre impacto da asma no Brasil (VALENÇA et al, 2006;SILVA et al, 2009;RODRIGUES et al, 2010;WEHRMEISTER et al, 2012;FILHO et al, 2013;RODRIGUES et al, 2013;CARDOSO et al, 2017;SOUZA et al, 2017;FERNANDES et al, 2018;RAMOS et al, 2019), assim como de outras doenças, tais como a COVID-19 (CARDOSO et al 2020;DO VALE, 2020), até o momento, nenhum trabalho aborda a questão da distribuição multitemporal da incidência de asma em crianças na região Oeste do estado de São Paulo; uma área caracterizada por forte desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Brasil (RAMOS et al, 2019). Há apenas dois estudos na temática de doenças respiratórias nessa região, o de Vioto et al (2017) e Ramos et al (2019). No primeiro, fez-se o mapeamento da taxa de asma em idosos em 32 municípios no período de 2008 a 2015.…”

Morbidade e mortalidade por doenças cardiorrespiratórias associadas à poluição do ar

“…West (2014), a sua patogênese ocorre pela ligação do monóxido de carbono à hemoglobina, reduzindo a quantidade de oxigênio circulante no organismo, o que pode levar à morte. Esse resultado vai ao encontro de pesquisas realizadas porRamos et al (2019), em São Paulo, onde houve um aumento nas internações por pneumonia em períodos de queima de cana-de-açúcar em regiões canavieiras.Ainda, na Tabela 7, as internações em idosos acima de 65 anos também se mostraram relevantes para pneumonia, embora nessa faixa etária o destaque tenha sido para a região do Grande Oeste, com 19,1%. Isso pode ser relacionado ao fato de que, segundo levantamento feito pelo Laboratório de Controle da Qualidade do Ar com base em dados do IBGE de 2019, a região acometida possui o maior número de indústrias de grande porte para setor agropecuário, metalúrgico, mineral e de transformação química, sendo consideradas de alto potencial para emissão de gases poluentes (LCQAR, 2019).…”