Introdução: Os bisfosfonatos são usados no tratamento de condições ósseas como metástases ósseas de tumores sólidos e mieloma múltiplo. Esses medicamentos podem causar osteonecrose dos maxilares, efeito adverso incomum que prejudica a qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes em uso de bisfosfonatos do Instituto Nacional de Câncer. Método: Estudo transversal retrospectivo, com informações de prontuários de pacientes atendidos na seção de odontologia entre 2018 e 2022. Resultados: Entre os 108 pacientes incluídos de acordo com os critérios do estudo, a maioria era do sexo masculino (56,5%), acima de 50 anos (82,4%), com mieloma múltiplo (76,9%). O pamidronato dissódico foi o bisfosfonato mais prescrito (37,0%), na dose de 90 mg (94,7%), mensalmente (74,3%), para tratamento de mieloma múltiplo (77,8%). As consultas odontológicas ocorreram predominantemente antes e durante o uso dos bisfosfonatos, embora a quantidade de consultas tenha sido maior após o uso. Os pacientes foram majoritariamente dentados e usuários de próteses insatisfatórias. A mobilidade dentária foi mais comum antes do bisfosfonato (60,9%), e também nesse momento o procedimento que teve maior demanda foi a exodontia (45,8%). Já no decorrer e após, os mais realizados foram as raspagens (51,3%). As lesões periapicais foram os achados radiográficos mais comuns antes e durante o tratamento, e a rarefação óssea após. Dois pacientes (1,85%) apresentaram osteonecrose em mandíbula. Conclusão: Foram observados alta demanda de cuidados odontológicos invasivos antes do tratamento, perda de follow-up após e maior demanda por procedimentos conservadores para manutenção da saúde bucal.