Introdução: Nas situações da vida diária, frequentemente, é necessário reconhecer a fala em ambientes com ruído competitivo, sendo que dificuldades neste reconhecimento é uma queixa comum de pessoas com transtornos do processamento auditivo central (TPAC). O Teste de Dígitos no Ruído (TDR), desenvolvido para triagem de perdas auditivas em adultos e idosos, apresenta vantagens que o tornam promissor para triagem em crianças com TPAC. Objetivo: Verificar o desempenho de crianças com TPAC no TDR baseado em software para o Português brasileiro. Método: A amostra de conveniência foi constituída por 31 crianças (8-12 anos), sendo 23 com TPAC, alocadas no G1, e oito sem o transtorno, que compuseram o G2. Todas realizaram avaliação audiológica básica, timpanometria, reconhecimento numérico visual e aleatório, aplicação do TDR e avaliação comportamental do processamento auditivo central (PAC) para determinar presença ou não do TPAC. Na análise foi utilizado Teste de Mann-Whitney no comparativo entre G1 e G2 e correlação de Sperman entre os testes de PAC e a média da relação S/R (RSR) do TDR. Resultados: G1 e G2 apresentaram desempenhos significativamente diferentes nos testes fala filtrada (orelha direita), dicótico de dígitos (orelha esquerda), fusão binaural e gaps-in-noise de ambas as orelhas e no teste de padrões de frequência. A média da relação sinal/ruído (RSR) do TDR foi de -7,29 dB (dp ± 4,76) nos sujeitos do G1 e de -8,42 dB (dp ± 2,93) no G2. Não houve diferença estatisticamente significante entre G1 e G2 no comparativo das médias de RSR final (p = 0,227). Não foi evidenciada correlação na maior parte dos testes de PAC e o TDR, exceto correlação negativa no FBOE e DDIOD. Conclusão: O desempenho das crianças com TPAC é similar ao de crianças sem TPAC no teste de dígitos no ruído em Português Brasileiro,