Incorporação de Lascas do Manto à Crosta Continental nas Porções Externas do Cinturão Dom Feliciano - Evidências de uma Zona de Cisalhamento de Escala Litosférica

Abstract

Intercalação tectônica de hazburgitos e serpentinitos e xistos magnesianos com uma suíte cálcio-alcalina composta por dioritos a tonalitos/trondhjemitos é controlada por uma zona de cisalhamento de baixo ângulo localizada na associação ultramáfica. Essa zona de cisalhamento apresenta um padrão cinemático sugerindo a ocorrência de transporte tectônico segundo a direção E-W sob condições retrogressivas de metamorfismo variando entre fluxo litosférico de alta temperatura (c. 900ºC) para fluxo tectônico sob condições da Fácies Xisto Verde. Esse fluxo transversal ao orógeno parece ser responsável pela intercalação de rochas do manto superior e crosta oceânica com rochas plutônicas da crosta continental durante o fechamento de uma bacia marginal, sugerindo que a zona de cisalhamento representa uma falha de empurrão de escala litosférica.

EVOLUÇÃO TECTÔNICA DO CINTURÃO DOM FELICIANO NO ESCUDO SUL-RIO-GRANDENSE: PARTE l - UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DO REGISTRO GEOLÓGICO

“…A suíte de granitóides orogênicos inclui os Gnaisses Cambai do Complexo Vila Nova (Silva Fº 1984 e os granitóides metamorfisados do Complexo Cambai, na região de Lavras do Sul (Fernandes et al 1992a,b, Kraemer et al 1993a,b, Kraemer 1995. A descrição mais detalhada e a discussão do significado tectônico dessas rochas, originalmente incluídas nas formações Cambai, Cerro Mantiqueiras e Vacacaí (Goñi 1962), foi apresentada por Jost & Villwock (1966) e, mais recentemente, por Remus (1990), na sua porção norte de afloramento, e por Tommasi et al (1994a), , 1996 e Kraemer (1995),.na porção sul.…”

“…No entanto, isso não inviabiliza a interpretação de que a trama composta, registrada em todos litodemas desta associação, foi originada durante um fluxo tectônico sob condições de temperatura decrescente. De acordo com esta interpretação, os pseudomorfos de ortopiroxênio nos harzburgitos da sequência ultramáfica marcam a direção de fluxo no manto durante os estágios iniciais da deformação principal (Tommasi et al 1994a), enquanto que as lineações minerais e de estiramento das demais unidades constituem-se em evidências das temperaturas mais baixas (fácies anfibolito a xisto verde, como evidenciado pelas paragêneses e microestruturas), características dos estágios finais dessa deformação. Milonitos feldspáticos e quartzo-milonitos, marcando uma das raras zonas de cisalhamento de escala regional mapeada (cf.…”

“…A foliação composta, registrada por todas as unidades da Associação de Arco Magmático II e, também, pelas sequências de rochas máfícas e sedimentares intercaladas, foi interpretada como tendo sido originada ao longo de uma zona de cisalhamento de escala litosférica, responsável pela intercalação tectônica de 'lascas' do manto oceânico da bacia margi- nal com a crosta continental juvenil, representada pelos granitóides orogênicos (Tommasi et al 1994a). A direção de transporte tectônico exibida por estas rochas (E-W) sugere a possibilidade de uma colisão frontal entre a colagem orogênicae a margem continental ativa, seguindo-se ao fechamento da bacia marginal (cf.…”

Geoquímica de Rochas Metabasálticas da Mina da Palma, Bloco São Gabriel, Escudo Sul-rio-grandense: Um Possível Platô Oceânico

“…Fragoso César (1991) e Fernandes et al (1992) sugerem dois domínios estruturais distintos para a área, o primeiro refere-se a regime tangencial com vergência para NE, de grau metamórfico mais alto, e o segundo representado por grandes zonas de cisalhamento transcorrente e grau metamórfico mais baixo. Para Tommasi et al (1994), o evento tangencial de deformação teve origem em zona de cisalhamento de escala litosférica, resultando em intercalação tectônica de porções do manto oceânico de bacia marginal e crosta continental juvenil.…”

Tonian and Cryogenian 40Ar/39Ar hornblende and muscovite ages for the São Gabriel Terrane, Dom Feliciano Belt, southern Brazil

“…The geodynamic evolution of the São Gabriel Terrane is controlled by the closure of the Charrua Ocean that took place at 900-700 Ma, represented by outcrops of the mafic-ultramafic ocean floor in the Cerro Mantiqueira Complex (Arena, Hartmann, & Lana, 2016;Leite, Hartmann, McNaugton, & Chemale Jr., 1998;Tommasi et al, 1994), and its passive marginal basin unit in the Arroio Marmeleiro Complex (Philipp et al, 2021;Santos, Maciel, & Zir Filho, 1998). Associated with this ocean closure, arc-related units were formed, including those of this study, namely the Sanga da Cachoeira Complex (Laux, 2017), Imbicuí Complex (Philipp, Pimentel, & Basei, 2018), and the Cambaí Complex (Silva-Filho & Soliani Jr., 1987).…”