Práticas de Educação Interprofissional (EIP) são fundamentais para melhorar sistemas de saúde fragmentados em todo o mundo, favorecendo no futuro o trabalho colaborativo. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar se diferentes estratégias didáticas interferem na prontidão, na percepção e nas habilidades para o trabalho em equipe; 2) investigar o panorama da EIP nos cursos de Fisioterapia e Medicina no Brasil; 3) traduzir e validar as escalas Interdisciplinary Education Perception Scale – IEPS, Team Skills Scale – TSS e a versão da Readiness for Interprofessional Learning Scale – RIPLS (19 questões) para o Brasil. Para o primeiro objetivo, alunos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Psicologia da UFJF, matriculados na disciplina opcional CIS – Competências Interprofissionais em Saúde, foram randomizados em duas turmas para o aprendizado das competências preconizadas para o trabalho interprofissional. Uma turma desenvolveu seu aprendizado através de estratégias ativas de ensino, enquanto a outra turma desenvolveu seu aprendizado através de aulas expositivas tradicionais. Ambas as turmas realizavam discussões de situações problemas relacionadas às competências estudadas. A prontidão, a percepção e as habilidades para o aprendizado em equipes foram mensuradas através das escalas RIPLS, IEPS e TSS respectivamente, em três momentos: no primeiro e no último dia de aula e seis meses após o término da disciplina. Para o segundo objetivo foi enviado um questionário online para todas as escolas de fisioterapia e medicina no Brasil, cadastradas no e-MEC. O questionário continha perguntas sobre atividades de EIP, mandatórias e/ou opcionais. E, para o terceiro objetivo, as escalas foram traduzidas para o português por três pesquisadores, retraduzidas por nativo da língua inglesa, aprovadas pós retrotradução pelos autores originais e aplicadas em 484 estudantes dos cinco cursos participantes para validação. No estudo das estratégias educacionais, 99 estudantes participaram de todas as etapas do estudo e foram incluídos. Houve uma melhora significante nos escores da RIPLS, IEPS e TSS no último dia de aula e esses escores se mantiveram após seis meses para ambas as estratégias. Entretanto, não houve diferenças significantes entre as diferentes estratégias utilizadas. Da mesma forma, a satisfação dos estudantes foi muito boa, apesar de não encontrarmos diferenças entre as estratégias. Para o estudo nas escolas de fisioterapia e medicina, um total de 76 (33,9%) das escolas de medicina e 159 (41,4%) das escolas de fisioterapia responderam o questionário. Embora o número de disciplinas obrigatórias e estágios com interações de EIP sejam pequenos, 68,4% das escolas médicas e 79,2% das escolas de fisioterapia possuem iniciativas em EIP. Na tradução e validação das escalas, a análise fatorial mostrou os seguintes resultados: IEPS com α=0.772, ICC=0.817 e TSS com α=0.924, ICC=0.764. Este estudo demonstrou que diferentes estratégias educacionais aumentam a percepção, a prontidão e a habilidade para o trabalho em equipes e que esses resultados são mantidos após 6 meses de intervenção. Ambas as estratégias, aprendizado ativo e aprendizado formal, associado a discussões de caso em grupo, tiveram resultados similares. Mostrou também que as escolas de fisioterapia e medicina brasileiras possuem atividades de EIP nos seus currículos, prioritariamente eletivas e realizadas em projetos e atividades extracurriculares.