As águas superficiais quase que raramente estão livres de poluições e contaminações, mesmo que com pouca interação antrópica. São ambientes mais susceptíveis, devido a sua própria condição. A ocupação desordenada em torno de cursos d’água geram impactos negativos significativos nos ecossistemas aquáticos. Nesse pressuposto, o presente estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da água da microbacia hidrográfica do Juá, situada em áreas periurbanas do município de Santarém no oeste do Pará. Foram selecionados seis pontos amostrais divididos ao longo da microbacia, considerando o curso principal e seus afluentes. As campanhas foram realizadas em diferentes períodos do ano, no regime chuvoso (fevereiro/2020 e janeiro/2021) e regime menos chuvoso (novembro/2020 e setembro/2021), possibilitando visualizar a influência das variações sazonais na qualidade do corpo hídrico. Foi calculado o Índice de Qualidade da Água – IQA desenvolvido pela CETESB, e confrontados com os padrões estabelecidos pela Resolução do CONAMA 357/2005 para águas de classe II. A aplicação do IQA mostrou que a maior parte dos pontos monitorados encontra-se classificados como REGULAR, no entanto vale destacar que os pontos P4 e P5 se comportaram como RUIM. Ao comparar a sazonalidade das estações observa-se que o período mais seco apresentou melhores índices, isso é explicado pelo fato de que há maior carreamento de poluentes para dentro dos corpos d’água no período mais chuvoso. Confrontando com o CONAMA 357/2005 alguns valores de oxigênio dissolvido (OD), pH, fósforo (P), turbidez e coliformes termotolerantes apresentam-se em desconformidade com a legislação com concentrações 60 vezes acima do permitido, no caso dos coliformes. As concentrações ácidas de pH são consideradas naturais na região, devido a interação aquático-floresta que é resultante da presença de substâncias húmicas e fúlvicas advindas da decomposição de matéria orgânica da mata ciliar. Além disso, a CONAMA 357/2005, bem como o IQA, não considera as diferenças naturais dos processos ecológicos do ecossistema aquático amazônico, que é diferente das demais regiões do país. Dessa forma é evidente a necessidade do monitoramento das microbacias urbanas amazônicas, que sofrem com rápida queda na qualidade da água, e na adaptação dos padrões de qualidade que levem em consideração as características ecorregionais das águas superficiais da região.