Ineficácia da autorregulamentação das propagandas de bebidas alcoólicas: uma revisão sistemática da literatura internacional

Abstract

ResumoObjetivo: A literatura científica mais recente aponta que a publicidade de bebidas alcoólicas influencia o comportamento, particularmente o consumo precoce e em grandes quantidades por crianças e adolescentes. Da perspectiva da saúde pública, a publicidade de bebidas alcoólicas deve ser restringida. Em muitos países, assim como no Brasil, os limites são estabelecidos pela autorregulamentação (ou seja, controlados pela própria comunidade publicitária). Analisou-se na presente revisão o conjunto dos trabalhos publicados na literatura internacional sobre este tipo de controle. Método: Realizou-se uma revisão bibliográfica sistemática de trabalhos que investigaram a eficácia da autorregulamentação da publicidade de bebidas alcoólicas. A busca foi feita nas bases de dados Medline, SciELO, Camy e Google Scholar, entre 1991 e 2010, bem como pela técnica de "bola de neve" para a indicação dos principais autores no tema. Foram considerados para o presente propósito 11 artigos. Discussão: O conjunto dos trabalhos obtidos aponta que a autorregulamentação da publicidade de bebidas alcoólicas é pouco eficaz, não cumprindo com os objetivos de evitar, por exemplo, publicidade direcionada às crianças e adolescentes. Conclusão: Outras medidas devem ser consideradas para o controle e a veiculação das propagandas de bebidas alcoólicas, tais como monitoramento independente e controle legal. . Um levantamento nacional realizado recentemente encontrou que dos 36% de meninos adolescentes (14 -17 anos) que bebem ao menos uma vez por ano, quase metade consumiu três ou mais doses em situações habituais de consumo; e que a idade para o início do consumo é aproximadamente 13 anos 3 . DescritoresAs estratégias de marketing das indústrias de bebidas alcoólicas tendem a ser globalmente pensadas e aplicadas 4,5 . Isso porque, atualmente, existem grandes conglomerados empresariais multinacionais controlando as principais marcas de bebidas, seja nos mercados desenvolvidos, como naqueles em desenvolvimento 4 . Frequentemente, a marca é associada a esportes, estilos de vida e identidades que variam de acordo com a cultura local 6 . No Brasil, as cervejas são associadas com futebol e carnaval, ao passo que, nos Estados Unidos, com

Apontamentos sobre as modalidades de intervenção social no enfrentamento das lesões e mortes causadas por acidentes de trânsito relacionados ao consumo de bebida alcoólica

“…Advertisements of alcoholic beverage emphasize themes and appeals related to the anxiolytic effect of the product, but are also associated with national symbols, always highlighting positive characteristics (Vendrame;Pinsky, 2011;Faria et al, 2011;Gomes et al, 2010;Abreu;Lima;Griep, 2009;Pavarino Filho, 2007) The marketing strategies of alcoholic beverages industries tend to be globally designed and applied. The media defend self-regulation, which is a kind of code of ethics that would ban messages directed at children and adolescents and abusive and irresponsible consumption of alcohol, which in practice does not work, as noted by Vendrame and Pinsky (2011), who made their study based on a systematic literature review.…”

“…The marketing strategies of the alcoholic beverage industries only take into account the increase in sales and the conquest of new consumers, i.e., the intentional effects, even if they are directed to people aged under 18 years and that encourage abusive consumption of alcohol (Vendrame;Pinsky, 2011;Falcao;Rangel-S, 2010). …”

“…They reveal social networking arrangements of production of public policies structured by links of many natures around an alternative health agenda (Vendrame;Pinsky, 2011;Junqueira, 2000).…”

Publicidade televisiva e perfil de consumo de bebidas alcoólicas de universitários

“…14 Such investments are held in order to expand business and profit, in addition, the marketing appeal is performed from the popular imagination, which aims at the resolution of their needs and, consequently, creates a pseudoreality when associated to its consumption. 6,15 In this conception, some risk factors for the consumption from advertising are: age, gender, family and socioeconomic level, i.e., youngsters, women, individuals who have relatives that consume alcoholic drinks and people of low socioeconomic level, considered as vulnerable population groups. 16 The learning of the mediatic contents by the viewer comes not only from the presentation of the product itself, but also from the whole imaginary hypothesized in the surroundings of the product to be appreciated, which generates a series of expectations.…”

“…1 The restriction of advertisements for alcoholic drinks may be subject to the legislation of the country or self-regulation, which refers to the evaluation of the ethics of the company itself. 15 However, the selfregulation has presented bias in the definition of what would be considered alcoholic drink, since the Law 9,294 of 15 July 1996 considers alcoholic beverages all beverages with alcohol content exceeding 13° Gay Lussac (°GL), which excludes beer, whose mean alcoholic content is 4.5° GL. 8 In Brazil, there is the National Council of Advertising Self-Regulation (CONAR), which is a non-governmental entity that acts on advertisement self-regulation, focusing on the protection of children/youngsters, in order to prevent the induction to the abusive consumption of products, as well as the association to sexual images, healthy and sports performance, in addition, it demands respect to time restriction (21:30 and 06:00) and addition of warnings in advertisements with duration greater than or equal to 15 seconds.…”