ResumO -A ocorrência do trauma craniano violento (TCV) pode estar associada à falta de conhecimento de pais e cuidadores sobre o desenvolvimento infantil. Neste sentido, o presente estudo pretendeu investigar o conhecimento de pais sobre o choro do bebê, as estratégias para lidar com o choro e as consequências de sacudi-lo. Participaram da pesquisa 83 mães e 7 pais de recém-nascidos, que responderam ao instrumento Questionário sobre o Choro do Bebê. Os resultados do estudo sugerem um desconhecimento por parte dos pais sobre o TCV, principalmente no que se refere à sua gravidade. Além disso, 34,4% dos participantes relataram que sacudiriam seus bebês para fazê-los parar de chorar. Tais resultados parecem indicar a necessidade de desenvolver intervenções de educação parental sobre o TCV, especialmente durante o pré-natal, de modo a contribuir para o aumento do conhecimento dos pais, prevenindo assim tal forma de maus-tratos.Palavras-chave: trauma craniano violento, síndrome do bebê sacudido, abuso da criança, pais, relações pais-criança
Brazilian Parents' Knowledge on Abusive Head TraumaABsTRACT -Abusive head trauma (AHT) may be associated to a lack of knowledge of parents and caregivers concerning child development. This study intended to investigate parental knowledge regarding the crying of babies, how parents deal with a crying baby and the consequences of shaking a baby to make it stop crying. Participants were 83 mothers and 7 fathers of newborns who responded to the Crying Baby Questionnaire. Results suggest a lack of knowledge of AHT, especially regarding its severity. Furthermore, 34.4% of participants reported that they would shake their babies to make them stop crying. These results highlight the need to develop interventions for parent training on AHT, particularly during the prenatal period in order to increase parental knowledge and to contribute to the prevention of this form of child maltreatment.Keywords: abusive head trauma, shaken baby syndrome, child abuse, parents, parent child relations (2001) a resposta parental ao choro do bebê é resultado da interação de três fatores: as características do próprio bebê, a cultura em que os pais estão inseridos e as crenças e expectativas que os pais apresentam sobre o bebê. Em relação ao primeiro fator, estudos apontam propriedades específicas do choro que contribuem para o sentimento de frustração que muitos cuidadores podem experienciar nos primeiros meses de vida de seu bebê (Barr, Paterson, MacMartin, Lehtonen, & Young, 2005;Green & Gustafson, 2001;James-Roberts, 2001). Essas propriedades podem ser resumidas por um aumento na média diária de duração do choro nas primeiras semanas de vida do bebê, que atinge um pico por volta do segundo mês (6ª semana), apresentando uma redução após o pico. Após o quarto mês de vida, o choro se torna mais intencional e mais relacionado com os eventos ambientais (Brazelton, 1962). Cabe destacar que esse padrão é observado mesmo quando consideradas as variações individuais na quantidade de horas que um bebê pode chorar ...