RESUMOObjetivo: Caracterizar o desenvolvimento das noções de classificação e seriação em crianças com síndrome de Down. Métodos: A amostra foi constituída por 15 crianças, com idade cronológica entre cinco e 13 anos, localizadas no período pré-operatório do desenvolvimento cognitivo, divididas em três grupos igualitários, de acordo com sua idade mental, cujas médias foram de 3,4 anos para G1, de 4,3 anos para G2 e de 5,4 anos para G3, obtidas por meio da aplicação do Primary Test of Nonverbal Intelligence (PTONI) em sessão diferente das demais provas. As crianças foram submetidas a provas de classificação, com materiais não-figurativos e figurativos, e de seriação, com conjuntos de canecas e de bastonetes de tamanhos diferentes e escalonados. As crianças foram avaliadas individualmente em sessões diferentes para classificação e seriação, sem ordem previamente estabelecida. Todas as sessões foram filmadas e transcritas em protocolos específicos. Resultados: Diferenças estatisticamente significantes foram observadas para a classificação figural entre G1 e G3, mais utilizada em G1 e não mais presente em G3, e para a classificação não-figural por características semânticas, com menor uso em G1 e maior em G3. Para a seriação, os resultados estatisticamente significantes foram obtidos entre G1 e G3, com relação à empí-rica e entre G3 e os outros grupos, para a intermediária. A seriação operativa somente apareceu em G3.
INTRODUÇÃOÉ por meio da ação sobre objetos, dirigida e organizada, que a criança irá modificar tanto o meio quanto suas estruturas internas. A aplicação ou não de um esquema sensório-motor a um objeto levará à percepção (que, no sentido da Epistemologia Genética, envolve ação visual e tátil-cinestésica (1) ) de semelhanças e de diferenças entre os objetos, o que constitui a base para a classificação e a seriação. Considera-se, também, que a aplicação repetida de um mesmo esquema sensório-motor ou de diferentes esquemas a um objeto, ou a objetos diferentes, favorece a sucessão de ações no tempo e espaço (1)(2)(3) . A criança, então, será capaz de organizar os objetos (agrupá-los, por assim dizer) por semelhanças, no princípio, uma vez que alguns podem ser submetidos a um mesmo esquema, por exemplo, objetos que podem ser sacudidos, outros que podem ser mordidos, outros ainda que podem ser sacudidos e mordidos. Da mesma forma, ela poderá organizar a sucessão de ações que lhes serão aplicadas: primeiramente sacode, depois morde, a seguir joga, aí se arrasta para ir buscar. Quanto mais combinações e coordenações de esquemas são aplicadas sobre os objetos, de forma que conduzam a invenções na utilização desses objetos, mais o conhecimento sobre suas características e relações ganha em quantidade e qualidade. Dessa forma, diferentes organizações podem ser feitas com os objetos.