Introdução: Infecções do trato urinário (ITUs) são uma das causas mais comuns de internação no Brasil. Essa situação é agravada pelo uso indiscriminado de antimicrobianos no combate da infecção. Objetivo: O objetivo deste estudo é analisar as características microbiológicas das ITUs ambulatoriais causadas por Escherichia coli segundo características demográficas. Método: Trata-se de um estudo transversal com dados secundários de uroculturas e antibiogramas positivos de pacientes ambulatoriais na região metropolitana de Goiânia, Goiás, Brasil, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2019. Resultado: Foram identificados 22.034 laudos de urocultura positiva. Desses laudos identificados, 14791 (67,1%) eram infecções causadas por Escherichia coli. Maiores prevalências das infecções foram notadas na faixa etária de 19 a 59 anos e ≥ 60 anos no ano de 2017, e para aqueles com idade ≤ 1 em 2018. Além disso, houve um aumento significativo da prevalência e da resistência no sexo feminino e no masculino da Nitrofurantoína, Ciprofloxacino, Amoxicilina/Clavulanato, Cefuroxima e Cefalexina. Também, houve um aumento da prevalência e da resistência nos antibióticos Ampicilina e Amicacina. Todavia, para esses dois o aumento foi significativo apenas no sexo feminino. Por outro lado, houve uma queda significativa da prevalência e da resistência em ambos os sexos nos antibióticos Trimetoprima/Sulfametoxazol, Gentamicina e Trobamicina. Além disso, houve uma queda não significativa para a Amoxacilina. Por fim, também houve uma queda, porém significativa, apenas para o sexo feminino para a Cefoxitina e Cefaclor. Ademais, a maior prevalência da resistência bacteriana ocorreu no sexo masculino para todos os antimicrobianos testados. Destarte, a prevalência da resistência aos antibióticos, quando comparadas as faixas etárias, foi estatisticamente significante para os antibióticos Nitrofurantoína, Ciprofloxacino, Amoxacilina Clavulanato, Ampicilina, Cefoxitina, Cefuroxima, Gentamicina e Cefalexina. Conclusão: O estudo concluiu que as ITUs por Escherichia coli são mais prevalentes na faixa etária de 19 a 59 anos e que em indivíduos do sexo masculino ocorre uma maior prevalência da resistência bacteriana. Sendo assim, criar um sistema de monitorização atualizado da resistência bacteriana será um grande passo para a saúde pública, já que permite identificar a emergência de patógenos resistentes a antimicrobianos frequentemente utilizados no tratamento.