SINTOMAS ESOFÁGICOSApesar dos avanços em testes de diagnóstico para as doenças gastrointestinais (GI), uma cuidadosa história clínica continua a ser fundamental para a avaliação de um paciente com sintomas gastrointestinais superiores. A maioria dos pacientes que apresentam transtornos esofágicos terá uma doença relativamente leve e não fatal e, em muitos casos, uma história cuidadosamente obtida levará a um tratamento rápido e preciso.Como alternativa, também é importante identificar os pacientes portadores de uma maior probabilidade de doença subjacente grave para que possam ser investigados e geridos de forma rápida. Como parte da história, os médicos devem inquirir sobre hábitos alimentares do paciente, bem como consumo de fumo e álcool. Alguns indivíduos podem experimentar sintomas apenas quando comem excessivamente, particularmente se feito tão tarde da noite, antes de ir para a cama.Os principais sintomas esofágicos são quatro, cada um deles associado a um distúrbio funcional de esôfago, sendo: azia, dor no peito, disfagia e globus.
Azia (pirose)Este é o sintoma de origem esofágica encontrado com maior frequência. Azia é caracterizada por um desconforto ou sensação de queimação atrás do esterno que irradia para o epigástrio e pescoço (1) . É um sintoma intermitente, mais comumente experimentado dentro de 60 min após refeição, durante o exercício ou enquanto estiver deitado ou reclinado. O desconforto é aliviado com água ou antiácido, mas com freqüência interfere nas atividades habituais. Dada a elevada prevalência do refluxo gastroesofágico (RGE), seu valor preditivo como diagnóstico é alto quando a azia é o sintoma dominante ou exclusivo. A associação é tão forte que, em tais casos, a terapia empírica para DRGE tornou-se uma estratégia aceita na presença deste sintoma (2) . No entanto, o termo "azia" é frequente e indevidamente usado e/ou referido como outros termos, tais como "indigestão" ou "regurgitação", obrigando o médico a esclarecer o significado pretendido.
Dor torácicaEste é um sintoma de esôfago surpreendentemente comum com características muito semelhantes à dor cardíaca, sendo esta discriminação muito difícil em alguns casos. Dado o potencial de morbidade e mortalidade associadas com a dor cardíaca, convém sempre ter atenção para esta opção antes da esofági-ca (3) . Dor esofágica geralmente é descrita como uma sensação de pressão no meio do peito, irradiando-se para a mandíbula, costas ou braços. A etiologia exata da dor esofágica é desconhecida, mas é demasiado simplista interpretá-la como indicativa de espasmo esofágico ou outra manifestação de uma anormalidade contrátil.Raramente tais indivíduos objetivamente têm espasmo e nenhuma correlação pode ser estabelecida entre pequenas alterações da contratilidade esofágica e eventos de dor. Mas, provavelmente, as semelhanças com a dor cardíaca resultam do fato de que os dois órgãos compartilham um plexo de nervos e as terminações nervosas da parede esofágica terem pouca capacidade discriminativa entre os estímulos (4) .