Objetivou-se identificar o poder preditivo de fatores psicossociais no trabalho (conflito trabalho e família, assédio moral, estresse laboral), e de variáveis sociodemográficas e de saúde para o desfecho de sofrimento psicológico em profissionais que atuavam na saúde pública na pandemia. Trata-se de estudo quantitativo, com 478 servidores da área de saúde pública durante a COVID-19. Os instrumentos, aplicados on-line, foram: ficha sociodemográfica e de saúde, questionário sobre fatores psicossociais no trabalho, Escala de Conflito Trabalho-Família e Clinical Outcome Routine Evaluation-Outcome Measures (CORE-OM). Os dados foram analisados através da Regressão Linear Múltipla. O conflito trabalhofamília foi principal preditor de sofrimento mental (25,4%), seguido pelo assédio moral, conflito família-trabalho e diagnóstico psiquiátrico/ psicológico prévio que predisseram, conjuntamente, 37,8% do sofrimento psicológico na amostra. Ressalta-se que a pandemia pode ter contribuído para o agravamento de sintomas já existentes. Estes fatores psicossociais, particularmente conflito trabalho-família, devem ser considerados no planejamento de intervenções voltadas para a promoção da saúde mental.