RESUMOCom o presente estudo objetivou-se investigar o perfil das vítimas de intoxicação exógena por agrotóxico em um hospital de emergência. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo, tendo como amostra 388 vítimas de intoxicação exógena no ano de 2005, em Fortaleza, Ceará. Os dados foram coletados a partir de uma ficha de investigação do CEATOX da instituição. Do total observado, 196 (50,5%) eram do sexo feminino, a faixa etária predominante foi de 15 a 24 anos, com 157 (40,5%) vítimas, e a maioria era procedente da capital (69,3%). O principal motivo da intoxicação foi tentativa de suicídio (77,3%), e a grande maioria dos episódios ocorreu no domicílio (83,5%) e 42% dos casos, até o término dos levantamentos, haviam saído de alta por cura. Diante dos resultados, foi possível perceber a necessidade de elaborar políticas de promoção da saúde para a prevenção das intoxicações, assim como estratégias capazes de dificultar a aquisição dos agrotóxicos.Palavras-chave: Envenenamento. Praguicidas. Emergências.
INTRODUÇÃOAs intoxicações exógenas ou envenenamentos são manifestações patológicas causadas pelas substâncias tóxicas e geralmente estão relacionadas a situações de emergência, em especial aquelas caracterizadas como agudas, isto é, que resultam de uma exposição única ou a curto termo, as quais usualmente se manifestam com dados clínicos evidentes de risco de vida. Essas ocorrências podem ser acidentais, como também intencionais. Tais casos são cada vez mais freqüentes nos atendimentos em setores de emergência (1) . Com o grande aumento da população mundial, verifica-se impacto ambiental tanto na fauna quanto na flora. Isto contribui para o aparecimento de novas pragas, exigindo a utilização de novos métodos de controle, entre eles os produtos químicos. Tal situação parece tornar-se um ciclo vicioso, no qual a expansão populacional ocasiona maior demanda na produção agrícola e maior uso de agrotóxicos para controle da lavoura.Atualmente, o impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana vem sendo tratado como uma das principais prioridades da comunidade científica, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde estes agentes químicos são amplamente utilizados na produção agrícola. Este fato decorre de uma série de fatores interrelacionados, tais como: baixa escolaridade; falta de uma política de acompanhamento/aconselhamento técnico mais eficiente; práticas exploratórias de propaganda e venda; desconhecimento de técnicas alternativas e eficientes de cultivo; pouca atenção dada ao descarte de rejeitos e de embalagens; utilização/exposição continuada dos agrotóxicos; ausência de iniciativas governamentais eficientes para prover assistência técnica continuada aos trabalhadores e falta de estratégias governamentais resolutivas para o controle da venda de agrotóxicos (2) . Como é notório, a maioria dos agricultores fazem uso dessa tecnologia, mas por terem, muitas vezes, baixa escolaridade, não conseguem ler o rótulo do produto. Outros o lêem mas não o interpretam corretamente. Dessa forma corre...