A literatura a respeito das habilidades terapêuticas considera que habilidades técnicas, teóricas e, especialmente, habilidades sociais são essenciais ao desenvolvimento da terapia. Todavia, em sociedades sexistas e patriarcais, enquanto mulheres são expostas a contingências de reforço de comportamentos que se relacionam ao cuidado e à expressão emocional, homens - em geral - são ensinados a se comportar agressivamente, a conter suas emoções e a participar menos de práticas de cuidado. Considerando tais condições, esse trabalho objetivou revisitar a literatura sobre habilidades terapêuticas à luz dos debates sobre masculinidade, discutindo potenciais incompatibilidades entre as habilidades destacadas e comportamentos característicos da masculinidade hegemônica na cultura ocidental. Dentre os principais resultados, aponta-se que a maior parte das habilidades destacadas pela literatura correspondem a repertórios sociais incompatíveis com os parâmetros da socialização masculina. Nesse sentido, destaca-se que o processo de socialização masculina, potencialmente, concorre com a aprendizagem de repertórios essenciais ao bom andamento da terapia. Tais discussões indicam a importância de considerar questões de gênero na formação, atuação e supervisão de terapeutas. Ainda, destaca a contribuição da literatura sobre gênero para a produção de conhecimento em terapias comportamentais.