EditorialO s stents farmacológicos mudaram radicalmente o tratamento da doença arterial coronariana e seus paradigmas. Os menores índices de reestenose com os dispositivos com eluição de Sirolimus ou Paclitaxel, quando comparado aos stents convencionais de metal 1,2 , permitem o tratamento de lesões e pacientes mais complexos, com maior sucesso clínico a médio e longo prazos 3 . Entretanto, ainda existem limitações. Por melhores que sejam os dispositivos farmacoativos atualmente disponíveis, a reestenose ainda não foi eliminada, a preocupação com uma maior possibilidade de trombose tardia emergiu, se faz mandatória uma terapia antiagregante plaquetária dupla por tempo prolongado e o custo ainda é muito elevado. Além disso, seus efeitos, sejam eles nocivos ou não, ainda não foram avaliados por longos períodos. Os futuros stents farmacológicos devem, necessariamente, atenuar tais limitações e responder às questões em aberto.Assim, torna-se obrigatório o desenvolvimento de uma nova geração de stents farmacológicos com ainda maior eficácia clínica, melhor perfil de segurança, facilidade de uso e que sejam, sobretudo, custo-efetivos.Esta próxima geração envolverá novas plataformas, drogas e polímeros. Os dispositivos com componentes bioabsorvíveis surgem como uma alternativa bastante atrativa.Os stents com Biolimus A9 são uma destas "novas possibilidades". O Biolimus A9 é um análogo do Sirolimus, com potente inibição da proliferação celular, especialmente aquelas mediadas pelas células T e células musculares lisas. Incorporado a um stent com um polímero biodegradável, o ácido polilático, a droga fica predominantemente na superfície externa das hastes do dispositivo. Imediatamente após o implante do stent, em função de sua alta concentração, a droga penetra na parede do vaso. O ácido polilático é reabsorvido pelo tecido, metabolizado e, posteriormente, excretado. Em tese, elimina-se, assim, uma das potenciais causas para a trombose tardia, a hipersensibilidade ou alergia ao polímero, sem comprometimento da capacidade antiproliferativa do dispositivo 4 . O estudo STEALTH I 5 demonstrou a eficácia e a segurança dos stents com eluição de biolimus A9 em reduzir a perda angiográfica e a reestenose binária tardia, com baixa incidência de complicações ou eventos clínicos. Trata-se, todavia, de um estudo com amostra pequena, com apenas 120 pacientes com lesões consideradas simples ou do tipo não complexas em população de baixo risco. Em publicação neste fascículo da revista, Missel et al. 6 apresentam uma subanálise do estudo STEALTH I 5 , com ênfase nos achados da ultra-sonografia intracoronária, realizada em aproximadamente 37% dos pacientes do estudo original. Os achados de redução de volume de placa em relação ao grupo controle são concordantes com as expectativas para um dispositivo de alto poder citostático, como o Biolimus A9. Surpreendente é o bom desempenho dos stents implantados no grupo controle, cujos resultados, mesmo inferiores aos dos stents com eluição de drogas, apresentam baixa reestenose binária (7,7% vs. 3,...