Desde Evans (2007), inúmeras investigações acerca das cláusulas com forma de subordinada, mas com funcionamento sintaticamente independente têm sido desenvolvidas em diferentes línguas (EVANS; WATANABE, 2016). Esse fenômeno tem sido rotulado como insubordinação, embora existam descrições semelhantes que adotam outras nomenclaturas. Surge também do estudo pioneiro de Evans (2007) uma das hipóteses mais difundidas entre os estudiosos sobre as origens dessas estruturas, segundo a qual as cláusulas insubordinadas seriam fruto de um processo diacrônico em que a cláusula principal é elipsada e a cláusula subordinada é reanalisada, preservando traços formais da dependência sintática. A despeito da plausibilidade dessa hipótese, verificamos que grande parte das pesquisas em insubordinação tem examinado apenas dados sincrônicos, sem explorar efetivamente uma trajetória diacrônica de mudança que evidenciasse a hipótese da elipse. Diante disso, neste artigo, investigamos a existência de cláusulas insubordinadas no português arcaico, examinando documentos datados do século XIV e extraídos do Corpus Informatizado do Português Medieval (CIPM). Nosso intuito é verificar a hipótese diacrônica sobre a origem das insubordinadas em português. Este texto tem caráter preliminar, uma vez que os dados reportados são parte de um projeto mais amplo, no qual pretendemos mapear diacronicamente as ocorrências de cláusulas insubordinadas na história do português, partindo do século XIII até o século XXI. Nossos primeiros resultados fornecem evidências contrárias à hipótese da elipse, visto que encontramos mais de um padrão de insubordinação no texto histórico analisado.