Background: Direct-acting antivirals (DAA) have revolutionized hepatitis C treatment, with high sustained virological response (SVR) rates reported, even in historically difficultto-treat groups. SVR is associated with a decreased risk of hepatocellular carcinoma (HCC), need for transplantation, and overall and liver-related mortality. Data from real-life cohorts on the medium-to long-term outcomes of patients with advanced liver disease and DAA-induced SVR are still missing. Objectives: To report and analyze the long-term Seguimento a longo prazo da doença hepática avançada após cura do vírus C com antivíricos de ação direta: dados de uma coorte Portuguesa
Palavras ChaveAgentes antivirais · Carcinoma hepatocelular · Cirrose hepática · Hepatite C · Resposta virológica sustentada Resumo Introdução: Os antivíricos de ação direta (AAD) revolucionaram o tratamento da hepatite C ao atingirem elevadas taxas de resposta virológica sustentada (RVS), mesmo em grupos historicamente difíceis de tratar. A RVS associa-se a uma diminuição do risco de carcinoma hepatocelular (CHC), necessidade de transplantação e mortalidade, global e de causa hepática. São ainda insuficientes de coortes reais na literatura dados que permitam avaliar a extensão dos benefícios clínicos a médio-longo prazo do atingimento de uma RVS com os AAD. Objetivos: Reportar e analisar o impacto a longo prazo da RVS numa coorte real de doentes com doença hepática avançada, tratados com AAD. Métodos: Estudo unicêntrico, retrospetivo, longitudinal com inclusão de doentes com hepatite C crónica com cirrose ou fibrose avançada, que iniciaram tratamento com AAD de fevereiro de 2015 a janeiro de 2017. Resultados: Foram incluídos 237 doentes. Verificou-se uma taxa de retenção no tratamento de 98.7% com uma taxa de RVS de 97.8% (intention to treat: 96.6%). Dos 229 doentes curados, 67.2% eram cirróticos (64.2% Child-Pugh A, 3.1% Child-Pugh B) e 32.8% F3, com um seguimento médio de 28 meses. A taxa de mortalidade global foi de 19/1,000 pessoas-ano e de mortalidade associada à doença hepática de 9.5/1,000 pessoasano. A incidência de eventos de descompensação hepática foi de 25/1,000 pessoas-ano e a de CHC foi de 11.6/1,000 pessoas-ano. Verificou-se um aumento sustentado dos valores séricos de plaquetas até 2 anos de seguimento. A história de eventos de descompensação hepática, concentração de plaquetas e albumina prétratamento encontrou-se significativamente associada a eventos adversos hepáticos durante o seguimento. Conclusões: A cura virológica após tratamento com AAD é sustentada no tempo, encontrando-se associada a um excelente prognóstico clínico em doentes com doença hepática avançada compensada, e a uma melhoria ou estabilização da doença em doentes descompensados. O atingimento de RVS associa-se a um baixo risco de CHC, não o eliminando, e de progressão da doença, sobretudo perante a presença de outros cofatores de agressão hepática, recomendando-se a manutenção do seguimento destes doentes.