Este artigo busca contribuir para a fundamentação de uma hermenêutica do feminino desde a perspectiva da psicologia à luz da fenomenologia hermenêutica. Para tanto apresenta-se, partindo de levantamento bibliográfico de artigos publicados ao longo da última década, o modo próprio de conduzir investigações desta abordagem, que é das grandes escolas de psicologia brasileira. Configuram características desse pesquisar a precisão no enfoque que se dá às obras filosóficas lidas, o debruçar-se sobre fenômenos concretos, mesmo para estudos teóricos, a não-pretensão de construção de verdades absolutas e, por último, a importância para o perguntar. Na sequência, apresenta-se a situação hermenêutica heideggeriana enquanto possível articulação metodológica de análise como fundamento possível para uma hermenêutica do feminino. A partir das coordenadas do ponto de vista, perspectiva e horizonte, componentes da noção de situação hermenêutica, é possível cuidar para não se sobrepor à visão daquela com quem se conversa em campo. Além disso, a partir da aplicação das coordenadas da situação hermenêutica é possível acompanhar processos de transformação naquelas com quem se troca em campo. Nesse sentido, conclui-se que a prática psicológica à luz da fenomenologia hermenêutica é fértil para o desenvolvimento de uma hermenêutica do feminino, oferecendo abertura e coordenadas que acompanham o mostrar-se da mulher e que não primam pela neutralização do que lhe é próprio.