A intervenção coronária percutânea (ICP) primária é o método preferencial para reperfusão no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCST). No entanto, muitos pacientes se apresentam em centros que não dispõem desse método. Quando o tempo de transferência até um hospital habilitado a realizar ICP primária na fase aguda do IAM é muito longo, a terapia fibrinolítica é utilizada como método de reperfusão inicial. Em caso de insucesso do trombolítico para reperfundir a artéria coronária relacionada ao infarto, os pacientes devem ser transferidos para um centro com capacidade de ICP primária o mais breve possível (ICP primária de resgate). Se houve sucesso da trombólise, o paciente pode ainda ser submetido a ICP eletiva nas primeiras 24 horas. Caso não exista essa possibilidade, deve ser estratificado para o risco de novos eventos cardiovasculares, sendo utilizados testes não-invasivos para avaliação de isquemia miocárdica e cineangiocoronariografia. Nesse contexto, as indicações para estratificação invasiva ou não e as indicações de recanalização da artéria relacionada ao infarto têm sido objeto de atenção e intensa controvérsia.Nesta edição, Lima et al. 1 relatam os dados provenientes do Registro Madre Teresa de Belo Horizonte (MG), que avaliou 303 pacientes com diagnóstico de IAM submetidos a reperfusão química e transferidos para esse centro. O tempo médio de realização da ICP foi tardio (5 dias após o IAM), e três quartos dos pacientes apresentavam fluxo TIMI 3 antes dos procedimentos. As taxas de sucesso angiográfico e de sucesso clínico foram de 95% e 87%, respectivamente, e a taxa de mortalidade hospitalar foi de apenas 3%. Esses dados são bastante encorajadores, e atestam para a experiência dos operadores e a excelência do centro em questão, mas devemos considerar os critérios de seleção empregados no estudo antes da extrapolação desses dados. Especificamente, foram incluídos pacientes ao longo de 7 anos e meio de estudo, sendo
Ver artigo relacionado na página 373excluídos aqueles com ICP de resgate e com a artéria relacionada ao infarto ocluída antes do procedimento. Outro aspecto importante é que informações referentes à isquemia induzida e presença de angina do peito não foram relatadas nesse estudo.Recentemente, foram publicadas as últimas diretrizes conjuntas do American College of Cardiology/ American Heart Association/Society for Cardiovascular Angiography and Interventions para intervenções coronárias percutâneas, e que constituem o documento mais atualizado sobre o tema. 2 As recomendações atuais para ICP após trombólise no IAM são as seguintes: 1) ICP de resgate após falha aguda do trombolítico (classe IIa, nível de evidência B); 2) ICP eletiva, 3-24 horas após trombólise bem-sucedida (classe IIa, nível de evidência B); e 3) ICP após o primeiro dia do IAM naqueles com isquemia residual ou angina (classe IIa, nível de evidência B). A ICP em artérias patentes e com estenose grave mas sem isquemia ou angina residuais é considerada como classe IIb, nível de evidência B. Fina...