A comunicação interatrial como lesão isolada representa 7% de todas as anomalias congênitas do coração e tem grande predomínio no sexo feminino, cerca de dois terços. Sendo um defeito situado ao longo do septo interatrial é fá-cil compreender que sua localização é variável. Consideramse quatro tipos anatômicos principais: 1) o tipo mais freqüente, o ostium secundum ou da fossa oval, corresponde a 75% dos casos, podendo ser um defeito único, múltiplo ou apresentar-se com fossa oval multifenestrada; 2) o tipo ostium primum, situado na parte mais baixa do septo, correspondendo a 15% dos casos; 3) o tipo sinus venosus, situado na parte mais alta e posterior do septo, tendo como característica a presença de uma ou duas veias pulmonares direitas, abrindo-se anormalmente ao nível da desembocadura da veia cava superior e correspondendo a 8-9% dos casos; 4) por fim o mais raro, denominado de seio coronariano, usualmente encontrado com anomalia de conexão de uma veia cava superior esquerda persistente, abrindo-se no teto do átrio esquerdo e correspondendo a 1-2% dos casos.O único tipo anatômico que se presta para fechamento percutâneo é o ostium secundum. Sua história natural é bem conhecida. Craig e Selzer 1 estudaram consecutivamente 128 portadores desse defeito, todos adultos, variando de 18 a 60 anos. O estudo hemodinâmico revelou 22% dos casos com hipertensão pulmonar, em 15% com alta resistência vascular pulmonar, achado este mais freqüente na faixa etária dos 20 aos 40 anos. A insuficiência cardíaca foi mais comum nos pacientes idosos, assim como a ocorrência de arritmias crô-nicas. Campbell 2 publicou, em 1970, seu estudo sobre a história natural em um grupo selecionado de doentes, todos sintomáticos e portadores de grandes defeitos e verificou que a sobrevida atuarial aos 60 anos foi de apenas 15% para os portadores de comunicação interatrial, contra 85% para a população geral, fato inequívoco de que o defeito septal não é tão inocente como aprioristicamente se pensa. O tratamento da comunicação interatrial sempre foi cirúrgico e vem sendo praticado desde 1951, independente do tipo anatômico. A cirurgia é uma excelente opção, abrange todas as variedades anatômicas, oferece baixo índice de complicações e a mortalidade é próxima de 0%. Apesar destas vantagens, o procedimento é cirúrgico, requer toracotomia, circulação extracorpórea, passagem pela UTI, causa trauma físi-co e psíquico, etc.Em casos selecionados, os cirurgiões têm a opção da técnica minimamente invasiva, a incisão cirúrgica é subxifoideana, pequena, menos traumática, contudo o procedimento continua sendo cirúrgico.O fechamento percutâneo da comunicação interatrial exige o emprego de uma prótese, o tratamento é alternativo e deve oferecer resultados equivalentes ao do tratamento cirúrgico.Recapitulando, a história, o primeiro dispositivo para fechamento percutâneo da comunicação interatrial foi descrito por King e Mills 3 em 1974, constava de um par de umbrellas cobertas de dacron com uma armação de aço inoxidável. O sistema liberador era calibroso, co...