Introdução: Tumores intradurais intramedulares são lesões raras que correspondem a cerca de 2-4% das neoplasias do SNC e a 8-10% dos tumores da medula espinhal. O tipo tumoral mais comum é o ependimoma, seguido dos astrocitomas e hemangioblastomas, os sintomas são insidiosos e inespecíficos sendo a dor a queixa mais comum. O diagnóstico se faz por RNM e através do exame anatomopatológico, sendo que o tratamento preconizado é a ressecção cirúrgica. Objetivo: Caracterizar os pacientes em relação à média de idade, a frequência em homens e mulheres, o tipo tumoral, a localização topográfica mais frequente, o grau de ressecção da lesão, o estado neurológico do paciente no pré-operatório e o prognóstico no pós-operatório. Métodos: Revisão retrospectiva dos prontuários de pacientes adultos submetidos a cirurgia para tumores intramedulares do ano de 2005 a 2016. O comitê de ética aprovou este estudo. Os dados foram coletados quanto à demografia, características clínicas e radiológicas e detalhes cirúrgicos. A escala de McCormick modificada foi utilizada para avaliar o estado neurológico dos pacientes na admissão, alta e seguimento. Para avaliar a associação entre variáveis qualitativas foi considerado o teste de Qui-quadrado. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Resultados: Trinta e seis casos foram revisados. A média de idade foi de 51,04 ± 17,05 anos, enquanto o seguimento médio foi de 12 meses (intervalo: 0,25-112 meses). O tipo histológico da lesão mais encontrado foi ependimoma (n = 18; 50%), seguido de astrocitoma (n=11; 30,55%) e hemangioblastoma (n=5; 13,88%). A região cervical foi a mais comumente envolvida (n = 17; 47,22%), seguida da região lombar (n=11; 30,55%) e torácica (n=8; 22,22%). A ressecção total foi obtida em 27 casos (75%). O grau de McCormick pré-operatório foi significativamente associado ao grau de McCormick de seguimento (valor p = 0,002). Cinco pacientes receberam radioterapia pós-operatória. Vinte e oito pacientes (77,78%) tiveram sobrevida livre de progressão no último seguimento. O estado neurológico pré-operatório foi associado com melhor escore McCormick no pós-operatório com p<0,05. Conclusão: O estado neurológico no pré-operatório e o grau de ressecção cirúrgica da lesão foram os fatores preditivos significativos de melhores resultados no seguimento. O tipo histológico tumoral não apresentou resultados significativos em relação à sobrevida dos pacientes.