Este trabalho investiga, a partir do modelo teórico da nanossintaxe (Svenonius et al., 2009; Starke, 2011), que conjuga, de certa forma, as abordagens minimalista (Chomsky, 1995 e obras posteriores) e cartográfica (Cinque, 1999), a inversão locativa em português, tanto na variedade europeia quanto na brasileira. Assumindo uma visão não lexicalista do fenômeno, a análise explora a confluência dos domínios verbal e preposicional em busca de uma possível combinação de traços que evidencie a ocorrência das construções de inversão com um elemento locativo e/ou direcional fronteado. Para tanto, a pesquisa assume uma decomposição ricamente detalhada do sintagma preposicional (PP) em seis diferentes projeções, conforme Pantcheva (2011): LUGAR, ALVO, FONTE, ROTA, ESCALA e LIMITE; já para a decomposição do evento verbal, adota-se o modelo de Sintaxe de Primeira Fase de Ramchand ( 2008), em que verbos denotando causa, processo e resultado são rotulados segundo os seus primitivos semânticos, respectivamente, em INICIADOR (init), SOFREDOR (proc) e RESULTADO (res), organizados em uma relação hierárquica e combinados consoante as especificidades de cada verbo. O português brasileiro (PB), especialmente, revela-se uma língua particular por não exibir somente estruturas típicas de inversão no padrão V2 com verbos inacusativos e inergativos, mas também construções com verbos transitivos sem tema e/ou agente e com argumentos locativos sem a presença explícita de uma preposição. Para o Spell-out e a linearização das entradas lexicais estocadas no léxico, é assumido que os PPs locativos e direcionais formam-se em português a partir de movimento de núcleo, assim como se admite o sincretismo espúrio na lexicalização do PP quando combinado com verbos de movimento. Na análise da inversão locativa em português, o estudo conclui que o fenômeno trata-se de um evento pontual com um PP locativo em posição de complemento, ou seja, a estrutura combina uma projeção verbal codificando os traços [init, proc, res] com um PP remático locativo de caráter argumental, capaz de subir para domínios mais altos e ocupar a posição de [Spec,TP], exibindo um comportamento típico de sujeito; para os casos inovadores do PB, acontece uma alternância causativa em que o argumento causador dá lugar ao PP locativo.