Abrão Rapoport, ECBC-SP 1 RESUMO: Objetivo: Avaliar os resultados do tratamento da doença metastática em estádio avançado (N3) e sua relação com o prognóstico do carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço. Método: Foram revisados as informações de prontuários de 241 pacientes, com carcinoma espinocelular de boca, orofaringe, laringe e hipofaringe com metástases cervicais maiores que 6 cm (N3) submetidos à cirurgia e/ou radioterapia, no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, Hosphel, São Paulo, de 1988 a 1998. Nos pacientes submetidos à cirurgia foi avaliada a radicalidade cirúrgica, macroscopicamente completa ou não, e naqueles tratados pela radioterapia, foi analisada a resposta do sítio primário e do pescoço imediatamente ao término do tratamento. A sobrevida livre de doença foi estimada pelo método de Kapplan Meier no grupo submetido à cirurgia. Resultados: A irressecabilidade da lesão primária e metastática no pescoço justificou a indicação da radioterapia na dose média de 65 Gy, em 69 pacientes ocorrendo resposta completa no sítio primário em 24(36%), no pescoço em 12 (18%), e em ambos os sítios em 11 casos (16%). No grupo sumetido à cirurgia seguido de radioterapia, a dose média foi de 56 Gy. Dos 25 pacientes com ressecção macroscópica radical do pescoço, cinco (20%) recidivaram, e dos cinco com ressecção incompleta e radioterapia, dois tiveram sobrevida de sete a 12 meses após o tratamento, quando foram perdidos de seguimento. A sobrevida livre de doença em dois anos neste grupo foi de 58%. Conclusões: Para pacientes com linfonodo metastático N3, o esvaziamento cervical seguido de radioterapia foi eficiente no controle regional da doença enquanto que nos inoperáveis, a radioterapia é um tratamento paliativo.
Descritores
INTRODUÇÃOA presença de metástases linfáticas é um dos marcadores prognósticos mais relevantes para os pacientes com carcinoma das vias aerodigestivas superiores, pois está relacionada ao aumento significativo nas taxas de recidiva loco-regional e metástases à distância 1 . Um dos princípios do tratamento cirúrgico das neoplasias malignas consiste na ressecção macroscópica completa do tumor, um objetivo difícil de ser atingido quando a doença engloba diversas estruturas nobres. Além disto, as metástases volumosas estão associadas a sítios primários com baixos índi-ces de controle local, como a orofaringe e a hipofaringe. O esvaziamento cervical é um tratamento eficiente no controle regional da doença, embora não tenha a mesma repercussão nas taxas de sobrevida. O controle loco-regional pode representar um ganho em qualidade de vida, porém, a cirurgia higiênica não é habitualmente considerada nestes pacientes, e um dos motivos é o longo intervalo de tempo despendido no tratamento e na reabilitação, associado à precocidade da recidiva após uma ressecção incompleta do tumor. Quando a doença regional avançada está associada à doença igualmente extensa no