PreâmbuloApós meses de contatos via internet, horas de busca por informações referentes ao tópico que nos coube e muito aprendizado, o grupo elaborador da presente normatização, em nome da Sociedade Brasileira de Cardiologia, tem a satisfação de disponibilizar aos cardiologistas brasileiros um documento sui generis.Muito embora não tenhamos a pretensão de ser dogmáticos, esperamos que os colegas utilizem as recomendações contidas no texto, como fonte para uma otimização em sua rotina ergométrica e/ou ergoespirométrica.
I. IntroduçãoO exercício físico faz parte do cotidiano dos seres humanos, desde os primórdios da sua existência. A aplicação do esforço físico, como método diagnóstico, data do início do século passado e, apesar do desenvolvimento de novas técnicas diagnósticas, ainda ocupa espaço destacado na medicina moderna.O emprego de técnicas que envolve o exercício com o objetivo de investigar a presença de sinais e sintomas de doenças ou avaliar o resultado de intervenções terapêuti-cas constitui, o que se chamaria, teste de exercício clínico. No Brasil, após quase 50 anos de uso deste teste propedêu-tico, consagrou-se o jargão "teste ergométrico". Embora não seja esta a nomenclatura mais adequada, a tradição impõe a manutenção do termo em epígrafe, utilizado neste documento.O teste ergométrico é um procedimento não invasivo, que pode conferir informações diagnósticas e prognósti-cas, além de avaliar a capacidade individual para exercícios dinâmicos. Os aparatos disponíveis para a realização de diferentes testes, que envolvem o esforço físico, apresentam características distintas, podendo variar de sistemas mais simples a equipamentos com elevado grau de sofisticação tecnológica.Independentemente do local onde o exame seja realizado, é fundamental que algumas premissas devam ser respeitadas: ambiente adequado, equipamento básico, pessoal treinado e preparo e orientação do paciente, de acordo com o objetivo do exame. É fundamental, ainda, que exista pessoal para atuar em situações de emergência.O teste ergométrico é um exame extremamente seguro, quando respeitado o julgamento clínico para a sua execução. Do julgamento clínico depende, basicamente, o risco de eventos relacionado a esse exame. Segundo pesquisa realizada no início da década de 80, a taxa de eventos ficaria na ordem de 1 para cada 2500 testes. Entretanto, outros autores classificam o risco como sendo muito menor, ficando na ordem de 0,8:10.000 a 1:10.000 exames. Em população de indivíduos pós -IAM (após 7 dias do evento), a incidência de óbito ficou na taxa de 0,03% (novo IAM ou ruptura cardía-ca). Quando foram relatados os eventos não fatais, a distribuição foi a seguinte (após testes submáximos): PCR ressuscitada ou IAM não fatal = 0,09%; arritmias ventriculares complexas = 1,4%.Cabe salientar que a taxa de eventos dobrou quando o teste realizado foi limitado por sintomas versus teste submáximo.Para que esse nível de segurança seja alcançado, os testes deverão ser realizados de acordo com as normas descritas neste documento e discutidas com p...