A escassez de órgãos para transplante está relacionada a múltiplos fatores, inclusive a percepção da população sobre o tema. Objetivo: informar e identificar a opinião sobre doação de órgãos e transplante em moradores de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Métodos: durante a Semana Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, indivíduos adultos foram solicitados a responder um questionário contendo perguntas sobre doação e transplante de órgãos. Resultados: Participaram 303 adultos (52% mulheres), 36% com nível de ensino superior. Quase todos entrevistados (99%) haviam ouvido falar sobre doação e transplantes. Embora 92% dos participantes tenham demonstrado atitude positiva em relação à doação, apenas 65% haviam informado à família sobre o desejo de doar. A maioria (90%) concordou com a retirada de órgãos de pacientes em morte cerebral, mas esse percentual diminuiu quando o paciente era membro da família (86%). Indenização para doadores vivos (90%) e comércio de órgãos (79%) foram rejeitados pelos entrevistados e 95% dos participantes disseram que os transplantes intervivos aparentados deveriam ser incentivados. A idade não foi considerada critério adequado de distribuição; 60% opinaram que crianças deveriam ter prioridade para transplantes e 75% que idosos (<65 anos) têm direito ao transplante. A maioria concordou com a inclusão de subgrupos populacionais como receptores, desde que os critérios de alocação de órgãos fossem respeitados: estrangeiros (73%), fumantes (89%), obesos (96%), prisioneiros e usuários de drogas (88%). Conclusão: Nossos resultados confirmaram a presença de conhecimento e compreensão adequada sobre doação de órgãos e transplantes, bem como ausência de atitudes discriminatórias na população estudada. Comparação com análise anterior realizada na mesma cidade detectou melhora dos itens avaliados em relação à doação e transplante de órgãos.