Neste artigo sustentamos que enquanto categoria etária, as infâncias têm sido construídas de modo hierárquico, colocadas como um vir a ser que justificaria sua incapacidade de se projetar no mundo, dada sua suposta imaturidade. No Brasil essa ideia ganha relevância estratégica a partir dos anos de 2010, quando se constrói a crença de que as crianças estariam sob grave ameaça pois estariam expostas a debates de gênero, sobretudo em espaços educacionais. A partir de leituras feministas e queer, nossos esforços se voltam para as políticas promovidas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos a fim de compreendermos como grupos conservadores se apropriam da retórica da proteção com vistas a proteger um projeto cisheteropatriarcal que os privilegia. Movimentos de censuras a exposições, perseguição a artistas, filmes e educadoras/es fazem parte desta estratégia que, segundo eles, têm como alvo a preservação da família e o enfrentamento à pedofilia.