Introdução: A lobomicose (também chamada de doença de Jorge Lobo) é uma doença granulomatosa crônica, causada pelo fungo Lacazia loboi, acomete principalmente trabalhadores rurais, geralmente após traumas locais em áreas cutâneas expostas. É mais comum em homens, de 20 a 40 anos, caracterizando-se por progressão lenta, no decorrer dos anos, de lesões cutâneas variadas, notadamente nódulos e placas coalescentes de aspecto queloideano. Sabe-se que lesões crônicas como essas podem malignizar, resultando principalmente no carcinoma espinocelular. Ao analisar os cânceres de pele, sugere-se que a lobomicose também tem correlação com a carcinogênese, embora seja pouco descrita na literatura e uma elucidação completa ainda não tenha sido traçada. Relato do caso: Homem, 63 anos, natural do Pará, trabalhador rural, portador de lobomicose e com história prévia de carcinoma basocelular com diferenciação escamosa em lóbulo da orelha e região pré-auricular direitos. Ele foi submetido à ressecção da lesão com margens em 2018, porém evoluiu após cerca de três anos com o surgimento, nas mesmas topografias, de nova lesão tumoral, desta vez com maior agressividade e com anatomopatológico compatível com carcinoma espinocelular. Conclusão: Tendo em vista a raridade da lobomicose em áreas não amazônicas, o caso em questão é fundamental para evidenciar que essa afecção pode associar-se com neoplasias de pele, contribuindo como fator de risco em razão da formação de cicatrizes e úlceras crônicas, além de alertar para a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, a fim de evitar a degeneração carcinomatosa.