Julgamento de traços linguísticos e expressões faciais

Abstract

Neste estudo piloto, demonstra-se a possível contribuição da relação entre julgamento e expressões faciais para a compreensão do encaixamento social de um fenômeno variável do tipo estereótipo (o rotacismo no português brasileiro) e dos efeitos fisiológicos da variação. Para a execução deste trabalho, foram elaborados dois estudos experimentais: o primeiro contou com a participação de 30 estudantes universitários e considerou, como variáveis independentes, julgamento e tempo de resposta a estímulos de áudio; o segundo, do qual participaram outros 9 estudantes, considerou, como variáveis independentes julgamento e expressões faciais dos participantes. Os resultados obtidos corroboram o status estigmatizado da variável e dão indícios de que o julgamento negativo atribuído a esse traço é evidenciado pelas expressões faciais, pois os participantes não permaneceram neutros ao ouvirem realizações desse fenômeno.

Respostas emocionais da variação linguística: Análise exploratória de rastreio ocular

“…O nível de consciência social desempenha um importante papel ao determinar quais variantes são sujeitas à correc ¸ão [Labov 1972], e envolve o conhecimento implícito e explícito sobre a língua: perceber, reconhecer e processar a variac ¸ão [Squires 2016]. Processos cognitivos ativados por um gatilho, como um trac ¸o sociolinguístico, ainda que controlados conscientemente, deixam pistas: a dilatac ¸ão da pupila ou as expressões faciais [Freitag et al 2020] também podem ser consideradas como evidências do julgamento social subjacente, que é a matriz do preconceito linguístico. Para a percepc ¸ão sociolinguística, os efeitos da saliência sociocognitiva podem ser medidos na relac ¸ão entre a saliência estrutural e a diferenc ¸a na distribuic ¸ão de variáveis que carregam indexac ¸ão social e as que não carregam indexac ¸ão social.…”