Juvenilização E Enegrecimento Da Eja Em Tempos De Universalização Da Educação Básica

Abstract

Este artigo objetiva refletir sobre os processos de juvenilização e enegrecimento da Educação de Jovens e Adultos (EJA) como efeitos das políticas de universalização da educação na atualidade. Parte de uma pesquisa de doutorado concluída, baseia-se na análise da trajetória escolar dos estudantes da Rede Municipal de Angra dos Reis-RJ, especialmente, em uma das escolas. De cunho quantitativo, utiliza informações do Censo Escolar nacional e do Sistema de Gestão da Rede Escolar e da Pesquisa Perfil da EJA mantidos pelo poder público municipal para refletir sobre os planos social, escolar e de políticas públicas. Tendo o direito à educação como princípio, os achados, em diálogo com dispositivos legais e com autores como DAYRELL et al. (2011), Haddad e Pierro (2000), Julião (2017), Munanga (2010) e Silva (2010), problematizam a majoritária presença dos jovens na EJA, notadamente, jovens negros e o processo de marginalização desses sujeitos no projeto de universalização em curso .

ADOLESCÊNCIA À MARGEM: projeto de vida na educação de jovens e adultos

“…O processo de "juvenilização" refere-se à presença de estudantes cada vez mais jovens na EJA e a sua consequente implicação na escolarização, resultantes dos diferentes processos de insucesso escolar dessa população (SOUZA FILHO, CASSOL; AMORIM, 2021). Dois desafios decorrem dessa situação: a necessidade do reconhecimento da diversidade dos sujeitos da EJA e a relação entre o processo de juvenilização com a produção de desigualdades na oferta do Ensino Fundamental regular (TEIXEIRA, 2018). Patto (2000), no livro A produção do fracasso escolar: Histórias de submissão e rebeldia, descreve o conceito de fracasso escolar fazendo um levantamento histórico desse fenômeno, assim como críticas às práticas de uma psicologia conservadora, individualizante, patologizante e a-histórica ao expor que o "fracasso" atinge uma população específica de crianças e adolescentes em sua maioria negra e de nível socioeconômico baixo (PATTO, 2000).…”