Este trabalho se situa no contexto da pesquisa “Multiculturalismo, Direitos Humanos e Educação”, desenvolvida no período de 2006 a 2009, com o apoio do CNPq. Analisa a construção da perspectiva da educação intercultural no continente latino-americano, destacando as principais contribuições que têm enriquecido esta abordagem, tanto do ponto de vista teórico quanto de suas implicações nos processos educacionais e sociopolíticos dos diferentes países. Parte das contribuições da educação escolar indígena, considerada a origem desta preocupação em nosso continente, apresenta contribuições dos movimentos negro, tendo presente sua diversidade de configurações no continente, e destaca as experiências de educação popular desenvolvidas no continente e, neste contexto, a figura de Paulo Freire como especialmente relevante para o aprofundamento da perspectiva da educação intercultural. Assinala também a incorporação da educação intercultural nas reformas curriculares dos anos 90 e a tendência a transformá-la em elemento funcional aos sistemas sociopolíticos vigentes. Aborda a perspectiva crítica da interculturalidade, que a considera como um dinamismo orientado a uma transformação estrutural das sociedades latino-americanas. Nesta ótica, dá especial ênfase às reflexões do grupo “modernidadecolonialidade”, constituído por um conjunto de especialistas que centram sua análise nas relações de poder presentes no continente em todo seu processo de formação histórica. Este estudo procura evidenciar o aspecto plural, complexo e original da construção da perspectiva da educação intercultural na América Latina.