Nação soberana, a Venezuela ainda se diz capaz de proporcionar a seus cidadãos condições materiais de existência, o que inclui moradia, educação e saúde. Entretanto, o desmoronamento das condições sociais naquele país impulsionou o fluxo migratório de milhões de venezuelanos em direção aos países vizinhos, entre eles o Brasil, em busca de condições de sobrevivência (1) . Desde o início da década de 2010, a população venezuelana sofre com a diminuição progressiva de seu poder de subsistência. Após a morte de Hugo Chávez, o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conduz o país com o auxílio das Forças Armadas. Enquanto Chávez conseguia manter o poder de forma democrática, por meio das urnas, Maduro apoia-se no Exército, em um processo antidemocrático e totalitário. Além disso, o fracasso da política cambial venezuelana permitiu que a inflação aumentasse e o PIB diminuísse. As medidas adotadas para a limitação de lucros comprometeram a economia e afetaram vários outros setores -excetuando-se o petroleiro -gerando hiperinflação e escassez interna de produtos básicos de consumo, aumentando ainda mais a dependência do petróleo (2) .Frente à deterioração das condições de vida, teve início um verdadeiro êxodo e milhares de venezuelanos deixaram o país. Segundo publicação da organização internacional não governamental Human Rights Watch (HRW), a migração ocorre por diferentes motivos, sendo o principal deles a escassez de alimentos, medicamentos e suprimentos médicos, condição que torna difícil para as famílias proporcionar alimentação para seus integrantes e ter acesso a cuidados básicos de saúde. Além da fome, disputas políticas acompanhadas de medidas de repressão resultaram em milhares de detenções consideradas arbitrárias pelos opositores do governo (3) . Centenas de casos de civis foram levados a tribunais militares sob acusações de traição ao governo. Tortura e outras violações contra as pessoas, com prisões arbitrárias e abusos por parte das forças de segurança continuam, mesmo após terem sido noticiadas pela imprensa internacional (3) .As altas taxas de crimes violentos e a hiperinflação também foram elementos centrais na decisão de muitos venezuelanos deixarem o país em direção às nações vizinhas como Bolívia, Colômbia, Peru, Equador e Brasil (3) . Os governos desses países enfrentaram o desafio de abrigar uma grande massa de imigrantes em seus territórios. Muitos desses governos fizeram grandes esforços para acolher o maior número possível de imigrantes em fuga de perseguições políticas, violência e grave escassez material. Contudo, as dificuldades financeiras que esses países também vivenciam tornaram progressivamente mais difícil suportar os impactos