É frequente encontrarmos a aplicação da etimologia do termo Inglês “nurse” à palavra Portuguesa “enfermeiro”. Mas a primeira vem do latim “nutrix”, e a segunda tem origem em infirmarius, palavra do Latim Medieval. Concomitantemente, na historiografia de enfermagem, não tem sido considerada a cronologia da polissemia de “nurse”, bem como a natureza socio-organizacional do conceito, o que tem conduzido a algumas distorções interpretativas relativamente às origens da profissão. Por isso realizámos o presente estudo com as finalidades de: evidenciar o momento e o contexto do aparecimento do infirmarius como percursor do enfermeiro; e determinar as funções laborais associadas a esta ocupação monástica, no âmbito do espaço europeu do antigo Império Romano do Ocidente. Através de uma abordagem histórica, analisámos 26 regras e 7 costumeiros monásticos, relativos ao período compreendido entre os séculos VI e XII. Assim descobrimos que: a primeira referência ao infirmarius, como officium monasticum, e às suas funções, consta no Ordo Cluniacensis, de Bernardo de Cluny, ca. 1070; a estrutura funcional laboral associada ao infirmarius desenvolvia-se nas áreas de administração da enfermaria, higiene e conforto, suporte psicológico, terapêutica, ocupação e cuidados mortuários ; a primeira referência ao termo “enfermeiro” encontra-se num documento, de 1268, associado à Ordem de Avis, de obediência cisterciense. As principais conclusões foram: “nurse” nem sempre significa “enfermeiro”; a história de “nurse” é diferente da do “enfermeiro”; o infirmarius é uma ocupação de natureza socio-organizacional, reconhecida como tal desde o século XI, com uma estrutura funcional semelhante à do enfermeiro actual.