Os sinistros de trânsito figuram como uma das principais causas de morte no mundo com o Brasil em terceiro lugar no número de óbitos. A Década de Ação pela Segurança no Trânsito foi criada para atender ao ODS-3 (Saúde e bem-estar), com o objetivo de reduzir pela metade as mortes no trânsito até 2030. A pandemia da Covid-19 trouxe um novo cenário que impactou a quantidade e gravidade dos sinistros, exigindo uma análise dos efeitos. O objetivo deste artigo foi avaliar os sinistros de trânsito ocorridos nas rodovias federais brasileiras em geral e por regiões, associando as tendências e os números reais ocorridos durante a pandemia, visando interpretar os desvios por tipologias de sinistros e causas. A metodologia utilizada partiu da previsão de séries temporais testada nos modelos SARIMA e ETS, com a escolha do modelo ETS para análise dos resultados devido a sua maior precisão nos resíduos do modelo. A previsão foi comparada aos dados reais de sinistros obtidos nas bases da PRF, da Covid-19 apresentado pelo Ministério da Saúde e de volume de tráfego apresentado pela ANTT. Os resultados indicam que a redução dos sinistros não acompanhou a mesma proporção de redução das mortes, com um aumento na gravidade dos acidentes no primeiro ano da pandemia. Na análise das causalidades, houve um aumento percentual de mortes tornando a velocidade incompatível evidente nos primeiros meses da pandemia, enquanto a causa falta de atenção cresceu no final do primeiro ano de pandemia quando o tráfego aumentou e as velocidades diminuíram. Observou-se que o aumento das mortes por Covid-19 pode estar positivamente associado ao crescimento de mortes por sinistros nas rodovias.