“…como se o discurso multimidiático já não fizesse isso com tanto afinco. Discurso esse que já está presente nos anos iniciais, como demonstra a pesquisa deLopes (2018), pois, quando a autora apresentou aos anos iniciais o livro 'O Cabelo da Lelê', de Valéria Belém, foram sujeito-aluno inscreveu-o no plural, o que nos possibilita a interpretação do plural da dor e/ou de que estamos diante de uma denúncia em relação ao bullying na escola, pois o 'houveram' escrito na terceira pessoa do plural é formulado a partir da regra de que verbos na terceira pessoa do plural indeterminam o sujeito gramatical (por exemplo, cantaram). Com isso, o Sujeito-Aluno F não produz sentidos sobre um sujeito inexistente, mas sim, pelo furo gramatical, pelo desvio do uso padrão da língua, denuncia que na escola existem sujeitos-agressores e que são indeterminados, existem, porém ficam ali, são, muitas vezes, não visíveis, não identificáveis, contribuindo para a manutenção desses olhares coercitivos na escola.Portanto, compreendemos que o olhar do bullying é aquele que, pela intimidação(Fante, 2011), pela humilhação(Ristum, 2010) nega o pertencimento social, ideológico e cultural do sujeito-vítima a um determinado grupo, trazendo uma sensação de não pertencimento, a qual é imposta por um sujeito-agressor.…”