No Brasil, há numerosas instituições e cientistas que produzem conhecimento sobre nossos ecossistemas e muito já se sabe sobre nossa diversidade biológica. Novas descobertas e orientações para a tomada de decisão baseadas em conhecimento científico podem ser feitas pelo uso da informação que já existe, mas que em grande parte está dispersa, mal documentada e inacessível aos interessados (Lewinsohn & Prado 2002). Essa integração pode ocorrer tanto por meio da consolidação de dados de estudos semelhantes, de forma a expandir escalas temporais e espaciais de análise, como pela associação de conhecimentos gerados por estudos com diferentes abordagens.A Ecologia não é uma ciência que pode ser facilmente delimitada por metodologias ou procedimentos específicos (Berry 1989). À medida que uma pesquisa é focada em determinado ramo da ecologia, as práticas científicas passam a divergir ao longo do tempo e o estabelecimento de conexões e a produção de sínteses do conhecimento tornam-se mais complexos. Estudos de síntese do conhecimento ecológico atual são necessários para estabelecer pontes entre a Ecologia e disciplinas que tratam da interação entre sociedade e ambiente. Esse conhecimento vem sendo cada vez mais utilizado por disciplinas como política ambiental, biologia da conservação, manejo de bacias hidrográficas e estudos das mudanças climáticas globais. Para viabilizar estudos de síntese do conhecimento ecológico é necessária a colaboração entre cientistas que atuam em diferentes linhas de pesquisa, o que depende do acesso a dados ecológicos e de outras disciplinas correlatas. Um conjunto de dados normalmente é coletado para responder a determinada pergunta de um pesquisador ou grupo de pesquisa. No entanto, não há como prever quais dados serão importantes para estudos futuros, e novas análises poderão ser realizadas utilizando o mesmo conjunto de dados. Conjuntos de dados representativos de diferentes grupos taxonômicos e situações ecológicas são necessários, por exemplo, para entender os padrões de distribuição de abundâncias de espécies observados na natureza (Prado 2009). Entretanto, ao contrário de pesquisadores de outras áreas de conhecimento como a física, pesquisadores em ecologia ou taxonomia não têm ainda a cultura de disponibilizar os dados primários já analisados e publicados em revistas científicas. Vários aspectos relacionados aos dados primários não estão contidos nos artigos, mas podem ser clarificados pela disponibilização dos mesmos, acompanhados por anotações sobre procedimentos de coleta.Dados ecológicos podem ser obtidos por observações diretas no campo, uma prática que provém da origem da ciência ecológica e que volta a ser valorizada atualmente, em paralelo a estudos baseados em experimentos (Sagarin & Pauchard 2010). Um dos motivos é a quantidade crescente de publicações que evidenciaram efeitos de mudanças climáticas por estudos de monitoramento em sistemas naturais [vide meta-análises em Parmesan & Yohe (2003)]. Além disso, o acúmulo de dados observacionais permite a expansão das escalas es...