Este trabalho buscou analisar a forma como se deu a construção de um território às margens do reservatório de Belo Monte, Altamira, Pará, após a construção da hidrelétrica homônima. Para isso foi realizado um estudo de caso na localidade Palhal, no qual se analisa a forma como foi conduzido o deslocamento compulsório, a nova configuração socioespacial, a recomposição das redes de relações sociais, evidenciando como se dá a reprodução social no novo território, o território ribeirinho. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e observação participante, em trabalho de campo realizado no período de 2018 a 2019. Observou-se que todo o processo de construção do território foi marcado, por um lado, pela violência da expulsão do território tradicional, pelas transformações socioambientais, especialmente aquelas referentes à destruição da beira do rio e ao surgimento de um lago de comportamento desconhecido. E, por outro, pela busca incessante da recomposição das relações sociais preexistentes, de construção de conhecimento sobre o novo ambiente e de estratégias para com ele se relacionar. Conclui-se que os conhecimentos tradicionais, a rede de relações de parentesco e a resistência política são os fatores mais importantes para a construção do território.