Areperfusão no infarto agudo do miocárdio é o tratamento preferencial para todos aqueles que se apresentam com precordialgia típica até a décima segunda hora do início dos sintomas e com evidência de supradesnivelamento do segmento ST ao eletrocardiograma. A intervenção coronária percutânea primária é considerada método terapêutico preferencial nos casos em que puder ser disponibilizada em até 90 minutos após a confirmação diagnóstica e aplicada em centros de cardiologia dotados de recursos de alta complexidade 1 .Ao ser cotejada com a administração intravenosa de fibrinolíticos, outro método considerado eficaz, a intervenção coronária percutânea primária apresenta taxas de sucesso superiores (recanalização e recuperação do fluxo coronário anterógrado no vaso-alvo > 80%), com consequente redução dos desfechos graves no final dos primeiros 30 dias após infarto agudo do miocárdio. A mortalidade é reduzida em 30% a 50%; o reinfarto, em 70%; e o acidente vascular encefálico, em 50% 2 .Essas constatações foram obtidas a partir de estudos controlados e comparativos entre os dois méto-dos, e de registros de centros médicos de diferentes países 2 . Assim, a intervenção coronária percutânea primária difundiu-se na prática clínica vigente, a partir do final do século passado, e está estabelecida como método preferencial de reperfusão no infarto agudo do miocárdio nas diretrizes e recomendações mais destacadas, como a norte-americana, a europeia e, também, a brasileira 1,3,4 .Contudo, o método exibe algumas desvantagens, sendo as principais a dificuldade de ser aplicada de forma universal, em decorrência da alta complexidade, e a impotência na resolução dos casos de insucesso, relacionada à ocorrência de embolização maciça para Ver artigo relacionado na página 470 a microcirculação coronária de material aterotrombótico (no-reflow) 1,5 .Por outro lado, o método competidor, a fibrinólise, sobressai-se diante das desvantagens da intervenção coronária percutânea primária descritas, mas ressentese da menor eficácia em recanalizar os vasos coronários agudamente ocluídos, associada ao risco inerente da ocorrência de sangramentos mais significativos, com consequências funestas principalmente em idosos e mulheres e naqueles com superfície corporal reduzida 6 .Esse balanço de vantagens e desvantagens, aliado à diversidade tanto clínica como angiográfica da apresentação do infarto agudo do miocárdio, tem alimentado debates flamantes e estimulado a pesquisa clínica de maneira crescente, diante do desafio no tratamento dessa síndrome de potencial letal e apresentação frequente 7 . Nesse cenário, destaca-se uma necessidade primordial, que é a verificação do sucesso após a aplicação de cada método, por meio de marcadores clínicos, eletrocardiográficos, angiográficos e/ou de imagem.Nesta edição da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, Damonte et al. exploram o impacto de um marcador de reperfusão, a resolução do segmento ST no eletrocardiograma após a realização da intervenção coronária percutânea primária, na evolução clínica de pa...