Estudos descrevem que o uso de salto alto exige do corpo uma série de ajustes compensatórios, a fim de manter os seus movimentos e equilíbrio próximos à normalidade. No andar, a interferência do salto alto sobre o pé e sobre a articulação do tornozelo parece desencadear uma postura diferente da posição anatômica. O presente estudo teve como objetivos comparar a cinemática sagital do tornozelo em diferentes calçados e verificar a existência de um limite de altura de salto que possa levar a articulação do tornozelo a adaptações durante o andar. Esta pesquisa, caracterizada como experimental, foi constituída por uma análise cinemática bidimensional do tornozelo no plano sagital. A amostra foi composta por dez universitárias, com média de idade de 19,2 (±1,8) anos, que caminharam sobre uma esteira utilizando um tênis e três sandálias do tipo tamanco, com saltos de 3, 7 e 10 cm. Para cada ciclo de passada, foram identificados picos de movimento do tornozelo referentes à dorsiflexão e à flexão plantar. Os resultados mostraram que na flexão plantar, com o aumento da altura do salto, há uma tendência de acentuação do pico angular do tornozelo. Concluiu-se que saltos acima de 3 cm de altura induzem a articulação do tornozelo a realizar uma flexão plantar sustentada, mudando as características da marcha na fase de apoio e de balanço. Tais evidências sugerem alturas de saltos menores de 3 cm como limites de segurança para manutenção do padrão normal da marcha em mulheres jovens.