Neste artigo, discutimos o tema das relações étnico-raciais na trajetória escolar de jovens quilombolas do Quilombo Chácara das Rosas, situado no município de Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil. Nosso objetivo consiste em compreender as experiências de quatro jovens quilombolas na escola, quanto aos conteúdos relacionados aos saberes produzidos pelo Quilombo e às situações de discriminação escolar em suas trajetórias no Ensino Fundamental. Para isso, fundamentamo-nos em teóricos que discutem os conceitos de racismo estrutural, discriminação na escola, interculturalidade crítica e colonialidade do saber e optamos pelo viés metodológico qualitativo exploratório, utilizando como ferramentas para produção de dados a entrevista compreensiva e a análise de conteúdo. Verificamos que a ausência de conhecimento dos estudantes concernente à contribuição histórica das populações quilombolas como povos tradicionais no Brasil incide sobre a autopercepção dos jovens quilombolas e corrobora com situações de discriminação e invisibilidade destes na escola. Além disso, os momentos de reflexão acerca da história local direcionados à afirmação de suas identidades ocorrem majoritariamente por meio da oralidade, no interior do Quilombo, e não no meio escolar. Percebemos, ainda, que os jovens possuem dificuldades em identificar o racismo em seus aspectos estruturais, relacionando-o apenas à injúria racial, o que contribui para a retroalimentação da invisibilidade étnico-racial na escola e reflete experiências vivenciadas para além do ambiente escolar.