As praias arenosas podem ser divididas em dois ecossistemas praiais: os autossustentáveis e os de interface, que respondem de forma diferente ao controle mofordinâmico e climático sobre a biodiversidade. Os principais fatores que atuam sobre a biodiversidade das praias arenosas são a energia das ondas e a ação dos ventos, que são responsáveis pela movimentação do sedimento e a determinação do relevo da praia. As variações climáticas, a exemplo das tempestades, também influenciam de forma significativa a dinâmica dos ecossistemas praiais. Mesmo possuindo um equilíbrio ecológico delicado, as praias arenosas não têm sido reconhecidas como áreas prioritárias para conservação, talvez pela ausência de uma cobertura vegetal exuberante ou pela pouca percepção da sua biodiversidade. Para boa parte da população que frequenta as zonas costeiras, as praias arenosas aparentam ser um sistema biologicamente pobre e valorizado apenas pelos aspectos paisagísticos e de recreação. O uso recreativo intenso e a ocupação desordenada do pós-praia aumentam os impactos sobre esses ambientes, alterando a deposição de sedimentos, dificultando o deslocamento da biota e aumentando os processos erosivos, comprometendo a funcionalidade ecossistêmica. Diante deste contexto, se faz necessário realizar estudosde indicadores que possam fomentar estratégias adequadas para a gestão costeira, preservando o equilíbrio dos ecossistemas e a manutenção dos seus serviços, inclusive os considerados essenciais para a espécie humana. A presente revisão tem como objetivo principal discutir como os processos geoambientais, a exemplo dos morfodinâmicos e climáticos, atuam sobre a biodiversidade das praias arenosas e como estes fenômenos podem influenciar o equilíbrio ecossistêmico e a oferta dos seus serviços. Dentro desse cenário também foi discutido as possíveis interferências das alterações climáticas, a ocupação desordenada dos ambientes costeiros e suas implicações para conservação das praias arenosas.