Introdução: O choque séptico é uma das mais graves complicações da sepse, com elevada taxa de mortalidade entre os pacientes (SINGER et al., 2016). Foi responsável por 11 milhões de óbitos pelo mundo em 2017 (RUDD et al., 2020), sendo estimadas, no Brasil, cerca de 680 mil mortes por ano, principalmente nos departamentos de emergência (ILAS, 2017). Sendo assim, a identificação, bem como o manejo rápido e adequado, são fundamentais para melhores desfechos. Desse modo, muito tem sido questionado sobre os benefícios do uso da hidrocortisona em relação à mortalidade e ao tempo de internação nesse cenário. Objetivo: Objetivou-se avaliar o impacto do uso precoce de hidrocortisona na morbimortalidade do choque séptico. Para tanto, buscaram-se como objetivos específicos a compreensão sobre o uso precoce da hidrocortisona no choque séptico em serviços de saúde; a avaliação do impacto na morbimortalidade com uso de hidrocortisona; e a identificação de potenciais dificuldades no manejo da hidrocortisona no choque séptico. Materiais e métodos: Empregou-se como método a revisão integrativa de literatura, a qual possibilita a integração de conhecimentos obtidos em diversos estudos significativos sobre o tema mediante a pesquisa bibliográfica em bases de dados online (SOUZA et al., 2010). O trabalho iniciou-se a partir da pergunta norteadora “O uso precoce da hidrocortisona no choque séptico é capaz de reduzir a morbimortalidade dos pacientes internados em departamentos de emergência?”. Foram utilizadas as bases de dados PubMed, Scielo e MEDLINE, com artigos em inglês e em português dos últimos 5 anos. Foram selecionados 21 artigos dentre 54 que atendiam à questão norteadora. Ademais, foram excluídos os trabalhos referentes a pacientes pediátricos; os que não estavam nos idiomas propostos; e os que não abordaram o manejo do choque séptico com hidrocortisona. Resultados e discussão: Observou-se uma tendência de crescimento de pesquisas sobre o assunto nos últimos anos. Dentre os trabalhos, um terço avaliou pacientes em UTI, e mais de 60% dos estudos avaliaram pacientes com maior necessidade de cuidado prolongado, o que é interessante ao analisar os desfechos esperados com uma nova medicação em relação a tratamentos preconizados, mas pode limitar o entendimento do impacto do uso da hidrocortisona no tratamento precoce em indivíduos previamente hígidos. A maior parte dos trabalhos ressaltou não haver mudança de desfecho dos pacientes com o uso precoce de hidrocortisona, uma parcela importante mostrou resultados inconclusivos e apenas um trabalho evidenciou uma menor mortalidade. Entretanto, houve trabalhos que identificaram uma redução no tempo de internação. Considerações finais: Assim, é nítido que há uma incerteza sobre o assunto de acordo com os achados obtidos em diferentes estudos, carecendo, portanto, de conclusões definitivas acerca da corticoterapia precoce e corriqueira no manejo do choque séptico. Além disso, vê-se a demanda por mais critérios para a avaliação isolada da hidrocortisona, sobretudo, no tratamento precoce nos pacientes previamente hígidos provenientes dos serviços de emergência. Finalmente, são esperados mais estudos sobre o assunto para a melhor elucidação das contradições observadas em diferentes pesquisas e para a obtenção de um melhor consenso.