Embora significantes avanços tenham sido obtidos na busca pela erradicação da malária em países endêmicos, esta doença ainda continua sendo um grave problema de saúde pública. Nas regiões tropicais e subtropicais existem muitas áreas endêmicas, com alta porcentagem de indivíduos infectados em relação às demais áreas (WHITE et al., 2014;RECHT et al., 2017 proporção em que cada uma das duas espécies infecta humanos depende da região geográfica, bem como da susceptibilidade da população (DAS et al., 2017;HOWES et al., 2011). Na África, existe uma predominância de indivíduos negativos para a molécula CD 234 -Cluster of Differentiation 234, também conhecida como Duffy antigen ou antígeno Fy. Nesta população existe uma predominância da infecção por P. falciparum sobre P. vivax, podendo ser explicada pela necessidade do merozoíto de P. vivax em se ligar ao antígeno Fy para invadir os eritrócitos. Desta forma, os indivíduos que não expressão a glicoproteína Fy seriam imunes à infecção por P. vivax, embora existam relatos de infecção por esta espécie em indivíduos negativos para Fy. Já em países da América latina como Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela, onde não se tem uma predominância de humanos negativos para o antígeno Fy, existe uma maior proporção de indivíduos infectados por P. vivax, exceto em regiões com alta prevalência de indivíduos afrodescendentes (HOWES et al., 2011;RECHT et al., 2017).
Patogênese e síndromes associadas à maláriaA malária é uma doença multifatorial e seu curso clínico depende de muitos aspectos como a genética do parasito e do hospedeiro, exposição previa ou não do hospedeiro ao parasito, idade, estado nutricional e fatores socioeconômicos e geográficos (GOHEEN et al., 2017;MILLER et al., 2013;SCHOFIELD et al., 2005;CLARK et al., 2006). Em indivíduos que não apresentam imunidade prévia ao parasito, os primeiros sintomas aparecem entre 7 e 15 dias pós infecção e são caracterizados por febre, dor de cabeça e muscular, vômitos e letargia. Geralmente tais sintomas são semelhantes ao de outras doenças, pelo fato que sua patogênese estar relacionada aos altos níveis citocinas circulantes. A ativação de células do compartimento inato e consequente inflamação sistêmica levam ao início dos sinais e sintomas da malária, e pode também influenciar no desenvolvimento das mais severas formas da doença. Em crianças com malária severa pode ocorrer o desenvolvimento de anemia, icterícia, dificuldade respiratória, acidose metabólica e doença renal. Em adultos, múltiplos órgãos podem apresentar suas funções comprometidas (WHO, 2014; GONÇALVES et al, 2014). Outro dado importante é o desenvolvimento de imunidade natural adquirida em áreas endêmicas, onde indivíduos são infectados diversas vezes pelo parasito. Nestes casos a parasitemia é baixa nestes indivíduos, não ocorrendo à ativação de 15 deletéria de células imune inatas e a infecção é assintomática (GAZZINELLI et al., 2014).Cada espécie de Plasmodium possui suas especificidades, causando manifestações clínicas bastante diferenciadas como observado ent...