Apesar da alta prevalência de oclusopatias em adolescentes ser mundialmente relatada, poucos estudos investigaram a associação entre oclusopatias definidas por critérios clínicos e a auto-avaliação da aparência dentária e das gengivas em adolescentes. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre oclusopatias e auto-avaliação da aparência dentária e gengival em adolescentes brasileiros. Foram utilizados os dados de um estudo transversal realizado com adolescentes de 15 a 19 anos de idade (n = 16.126) de 250 cidades localizadas nas cinco macrorregiões do Brasil. O desfecho foi a insatisfação com a aparência dentária e gengival, sendo a principal variável exploratória as oclusopatias, medidas através do Índice de Estética Dental - DAI. As demais variáveis exploratórias, potenciais fatores de confusão e mediação, foram renda familiar per capita, atraso escolar, condição de estudo, sexo, idade, cor da pele, agravos bucais (cárie não tratada, perda dentária devido à cárie, cálculo, fluorose e dor nos dentes e gengivas) e a utilização dos serviços odontológicos. Realizaram-se análises de regressão de Poisson simples e multiva-riável. A prevalência de insatisfação com a aparência dos dentes e gengivas foi de 11,4% (IC 95%: 10,4-12,5). Todos os graus de oclusopatias foram associados à insatisfação com a aparência dos dentes e gengivas. A análise multivariável ajustada mostrou que a auto-avaliação negativa da aparência em adolescentes com oclusopatias graves ou muito graves foi 40% e 80% maior quando comparados àqueles com oclusão normal, respectivamente. Os resultados contribuem para a inclusão do critério de auto-avaliação da aparência dental durante as decisões de tratamento ortodôntico, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde.