A doença de Chagas persiste como uma importante parasitose que afeta a humanidade, sendo classicamente transmitida por excrementos de triatomíneos, as quais são depositadas na pele durante a hematofagia, permitindo assim a penetração de formas evolutivas do protozoário Trypanosoma cruzi. Tal via de transmissão tem sido sobreposta pela transmissão oral, haja vista diversos fatores, dentre os quais o controle de populações de triatomíneos e melhorias habitacionais, bem como o aumento do consumo de alimentos, com destaque para frutas amazônicas, à exemplo do açaí. Sendo assim, objetivou-se demonstrar e discutir a relevância da transmissão da doença de Chagas por via oral, e investigar aspectos relacionados a esse processo, de forma a suscitar possíveis estratégias para minimizá-la. Para tanto, realizou-se um estudo transversal retrospectivo em um período de 10 anos (2011-2020) com abordagem quantitativa, por meio da coleta e processamento de dados disponibilizados em sites governamentais. Observou-se que a via de transmissão oral persiste como a principal forma de aquisição da DCO no Brasil, como maior incidência de casos na região Norte, provavelmente por se tratar de uma região tradicionalmente produtora e consumidora de frutas amazônicas, como açaí e cupuaçu. Destaca-se neste sentido a importância de implantar métodos e estratégias de prevenção voltadas para os processos extrativos e de beneficiamento de frutas amazônicas e de outros alimentos potencialmente contamináveis por excreções de triatomíneos, a exemplo da introdução ou do reforço da adesão a técnicas de esterilização de alimentos como o branqueamento e a high isostatic pressure - HIP.