As atividades da indústria petrolífera se distribuem por todo o território brasileiro, ocasionando impactos ao longo de sua zona costeira, ao passo que neste cenário coexistem demandas econômicas e socioambientais do país. De modo a gerir os riscos e danos que tais atividades podem acarretar aos ambientes marinhos e costeiros, o governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), deu início, ainda em 2002, ao mapeamento da sensibilidade ambiental a derramamentos de óleo das bacias sedimentares marítimas brasileiras. O presente trabalho se insere neste contexto através do Projeto Cartas SAO – Bacia de Pelotas, tendo como objetivo apresentar os resultados do estudo granulométrico de praias oceânicas, lagunares e estuarinas da porção brasileira da bacia sedimentar de Pelotas, bem como discutir lacunas presentes no método oficial de classificação da sensibilidade ambiental de tais ambientes. A metodologia adotada neste trabalho obteve os parâmetros granulométricos de amostras sedimentares coletadas nas faces das praias que, em conjunto com referências sobre a hidrodinâmica da área e permeabilidade de praias, possibilitou a discussão da representatividade do método oficial para praias que compõem a planície costeira em questão. Os resultados apresentaram algumas lacunas no Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), relacionadas à variação dos parâmetros granulométricos analisados, uma vez que o mesmo não considera a dinâmica da distribuição espacial das partículas sedimentares dentro de um mesmo pacote, fator fundamental para a definição da permeabilidade das praias, além de interpretar de maneira teórica a permeabilidade atribuída a estes pacotes sedimentares. Tais discrepâncias podem confundir a tomada de decisão em ações de resposta a acidentes com óleo, deixando vulneráveis os ambientes e as comunidades que neles residem e que através deles sobrevivem.