A Baía de Guanabara, um dos mais importantes sistemas costeiros do sudeste brasileiro, com os seus primeiros rasgos estruturais durante o pré-cambriano e instalação definitiva durante o Cenozoico, tem vindo a ser modelada por processos relacionados com alterações climáticas e mais recentemente pela forte atividade antrópica, na região. Este trabalho pretende efetuar uma síntese de registros sedimentares históricos relacionados com a ação antrópica no entrono da Baía de Guanabara e definir o início do Antropoceno neste sistema costeiro.Em adição, os resultados desta investigação permitem a divisão do Antropoceno em quatro periodos de sedimentação na Bia da Guanabara.A documentação e os dados analisados permitem considerar que a camada sedimentar que marca o início do Antropoceno, na Baía de Guanabara foi depositada em 1502 (Ano Domine), no decurso da “Pequena Idade do Gelo”, ano a partir do qual teve início o processo de ocupação colonialista dos Portugueses. Esforços de ocupação e defesa local após o descobrimento, em 1502, culminou com a criação da cidade do Rio de Janeiro, em 1565.A partir de então observam-se no registro sedimentar a redução granulométrica dos sedimento, em plena Pequena Idade do Gelo, aumento progressivo dos teores de matéria orgânica mudanças polínicas resultantes do desmatamento para extração do pau-brasil, para a cultura da cana-de-açúcar, que se estendeu dos séculos XVI ao XIX, e do café nos séculos XVIII e XIX. De meados do séc. XVIII ao início do séc. XX inicia o ciclo da mineração, seguida do começo do ciclo da industrialização e principia de forma incipiente a poluição danosa na Baía de Guanabara. O desenvolvimento industrial, a partir da invenção da máquina a vapor, associado à necessidade de matéria-prima, conseguida a baixo custo nos países colonizados à época, marcou a segunda fase do Antropoceno na Baía de Guanabara, a partir de meados do século XVIII e que terá durado até ao início do século XX. Esta fase é identificada em registros sedimentares onde ocorre aumento expressivo de metais.Início do séc. XX ao início dos anos 50 a alteração de mais de 10 Km da orla ocidental da baía próxima a desembocadura causa a alteração do padrão hidrodinâmico dando lugar a um aumento acentuado da acumulação de sedimentos finos em vastas áreas da Baía de GuanabaraA quarta fase do Antropoceno, após meados do século XX, teve lugar num cenário de grande crescimento demográfico e industrial. A Baía de Guanabara passou a recolher o excedente sedimentar provocado pelas intervenções antrópicas acrescido do aumento dos resíduos domésticos (lixo em geral e esgoto) e industriais (óleo, metais pesados, substâncias tóxicas e carga orgânica) oriundos da expansão das atividades no seu entorno, acarretando a aceleração da perda de sua área de superfície e de profundidade.