Tratar do profetismo bíblico incorre invariavelmente em se aproximar da relação contingencial entre experiência religiosa e história. Assim, ao abordar o livro de Oseias, o presente artigo reconhece a necessidade de se enxergar as confluências históricas, sociais e políticas que perpassam seus textos. Entretanto, ao transparecer-se a aparente impossibilidade de tratar tal obra como se fosse circunscrita em um único contexto, surge a tarefa de examinar as características dos diferentes momentos que se mostram latentes em suas perícopes e que marcaram seu processo redacional. Para tanto, tomou-se como método a realização de uma leitura crítica da chamada História Deutoronomista, em diálogo constante com os recentes avanços da arqueologia. Em primeiro momento, retomou-se os primórdios da monarquia em Israel, com foco na ascensão, auge governamental e declínio dos omridas. Na sequência, analisou-se o ápice monárquico vivenciado por Jeroboão II e o enfraquecimento estatal com seus sucessores, em paralelo com o desenvolvimento da realeza judaíta, com ênfase em Josias. Por fim, direcionou-se atenção específica para com a concretude do viver social nos períodos de reinado desses dois monarcas. Nessa perspectiva, o profetismo em Oseias foi visto na complexidade de sua relação com as distintas dimensões da história que o circundou.