Mediastinite descendente necrosante pós-angina de Ludwig: relato de caso

Abstract

<p><strong>Introdução: </strong>a mediastinite necrosante descendente é um processo infeccioso grave do mediastino e pode ser originária de uma infecção odontogênica, apresentando; alta taxa de mortalidade. O cirurgião-dentista deve buscar estratégias para prevenir focos infecciosos, diminuindo a incidência de infecções odontogênicas graves que se disseminem pelos espaços cervicofaciais e torácicos. <strong>Objetivo:</strong> relatar caso de um paciente com diagnóstico de mediastinite necrosante pós-angina de Ludwig, descrever suas manifestações clínicas e a conduta terapêutica odontológica adotada. <strong>Relato de caso: </strong>paciente, 31 anos, sexo masculino, foi admitido referindo sintomatologia dolorosa no dente 3.8, que evoluiu para aumento de volume em região cervical, associado à febre e disfagia progressiva. Ao exame físico extraoral, observam-se sinais de disseminação para os espaços cervicofaciais e torácicos. Após exames complementares, o diagnóstico revela a infecção, associada à angina de Ludwig, secundária à pericoronarite. O tratamento foi analgesia e antibioticoterapia por via venosa. Após remissão dos sintomas, o paciente recebeu alta hospitalar em bom estado e foi realizada exodontia do dente 3.8. <strong>Conclusão: </strong>a mediastinite necrosante é uma patologia rara que pode levar a óbito, se não tratada adequadamente. O cirurgião-dentista deve estar consciente da possibilidade de disseminação pelos espaços faciais e mediastinais dos processos infecciosos de origem odontogênica e estar apto para tratar corretamente os casos antes, que eles acarretem grande risco à vida dos pacientes.</p>

Estudos Multidisciplinares Sobre Emergência E Terapia Intensiva

“…Apesar da evolução da assistência à saúde integral e bucal, como a higiene e o acesso a essas informações, ainda existem casos de infecção de origem odontogênica que ao serem negligenciados podem se agravar e trazer riscos a vida do paciente com AL, a qual deve ser tratada de maneira emergencial para evitar complicações maiores. (LEITE et al, 2019) O diagnóstico e a abordagem do tratamento precoces da Angina de Ludwig (AL) estabelecem um melhor prognóstico, visto que inúmeras complicações graves podem ser geradas a partir de um tratamento tardio da AL, dentre eles são a Mediastinite, a Fasceíte Necrosante cervico-facial, Choque séptico, obstrução e/ou infecção das vias aéreas, pneumonia, empiema pleural, pericardite, trombose da veia jugular, coagulação intravascular disseminada, trombose do seio dural e sepse, podendo levar o paciente a óbito (CORRÊA et al, 2022;FELLINI et al, 2017;FONSECA et al, 2022;LEITE et al, 2019).…”

“…O histórico de distribuição do câncer gástrico no Brasil conta com altos índices dessa doença nas últimas décadas e mostra que o estado do Pará detém alta prevalência de neoplasias em mucosa gástrica, de modo que as taxas de mortalidade pela doença na capital paraense são maiores que as demais capitais do país (MIRANDA et al, 2019;COLETTA, 2022).…”

“…Helicobacter pylori em grupos familiares com menor condição socioeconômica no período da infância (MARTINS; SANTOS; CORRÊA, 2021;MIRANDA et al, 2019).…”

“…A Angina de Ludwig (AL), descrita pela primeira vez em 1836, pelo médico Wilhem Friedrich Von Ludwig, é caracterizada por ser uma Infecção Cervical Profunda (ICP) de progresso rápido e poli microbiano, onde a flora da cavidade bucal é altamente envolvida e sua propagação se dá através do sinergismo dos Microrganismos (MO) aeróbicos e anaeróbicos (BRIDWELL et al, 2020;CORRÊA et al, 2022;LEITE et al, 2019);FONSECA et al, 2022;VASCONCELOS et al, 2021).…”

Infecções Odontogênicas – Patogênese E Repercussões Sistêmicas: Revisão De Literatura

“…A mediastinite descendente necrosante pode se desenvolver após infecção odontogênica, tendo uma alta taxa de mortalidade com aproximadamente 40% (Conceição et al, 2019). Esta infecção alcança o mediastino pelo sinergismo entre força da gravidade, movimentos respiratórios e pressão intratorácica negativa, criando um curso da coleção purulenta determinado pelos espaços e planos faciais e cervicais profundos (Silva et al, 2017).…”