Resumo: O terramoto no Haiti, ocorrido em Janeiro de 2010, levantou uma importante discussão deontológica nas áreas da comunicação e da saúde. Algumas perguntas emergiram a partir deste acidente, tais como: o que acontece quando médicos e jornalistas são a mesma pessoa? Que princípios éticos devem cumprir aqueles que exercem as duas funções? Embora não tenham sido esgotadas, essas questões foram devida e amplamente debatidas por estudiosos da comunicação, jornalistas e profissionais de saúde. Pouco se discutiu, neste contexto, sobre a formação do jornalista de saúde e o tipo de literacias que são necessárias para que ele desempenhe as suas tarefas com rigor na cobertura de notícias de saúde. Neste sentido, este ensaio pretende estabelecer um debate sobre a necessidade ou não de formação específica para o exercício responsá-vel do jornalismo de saúde, desempenhado por profissionais da comunicação social, e como essas habilidades se reflectem no fortalecimento das literacias dos leitores.Palavras-chave: jornalismo de saúde, literacia, comunicação na saúde.
IntroduçãoNos últimos anos tem-se assistido a uma crescente "desintermediação" profissional do acesso às informações de saúde. Como consequência da globalização, a democratização do acesso à informação, através das novas tecnologias, tem um grande peso nesse fenó-meno, pois ela permite não apenas que os leitores acedam directamente aos conteúdos desejados mas, também, que criem mensagens sobre qualquer área do conhecimento. A presença das tecnologias de comunicação e informação tem trazido modificações no modo de fazer o jornalismo em geral e, muito particularmente, o jornalismo de saúde.De facto, a presença destes "ventos cruzados" (Pinto, 2004) sobre a profissão do jornalista já tinha sido observada nas investigações sobre o campo jornalístico e sugere tanto * Universidade do Minho (anamargarido@gmail.com).