Medicalização da assistência ao parto normal: Perfil de gestantes atendidas em uma maternidade de risco habitual

Abstract

Introdução: O nascimento tem experimentado mudanças na compreensão do parto como processo natural, tornando-o passível de intervenções, como as relacionadas a abreviação do parto através do uso de medicamentos. Objetivo: descrever o perfil da assistência às gestantes, verificando a prevalência do uso de medicamentos, instrumentos e protocolos, durante o trabalho de parto e parto, em maternidade pública de saúde, destinada à assistência a gestantes de risco habitual. Método: estudo transversal, descritivo, exploratório e quantitativo, com população por conveniência (n=26 profissionais de saúde). Foram investigadas as características sociodemográficas dos enfermeiros e médicos que prestavam assistência direta ao parto, além daquelas relativas ao uso de medicamentos, instrumentos e protocolos. Os dados foram tabulados no Epiinfo 7.2.2.2, sendo realizada análise estatística descritiva. Resultados: observou-se que 53,8% são enfermeiros obstetras e 46,2% médicos obstetras. Dentre os entrevistados: 65,4% asseguraram preencher sempre ou quase sempre o partograma, 61,6% aplicam sempre ou quase sempre o índice de Bishop, 57,7% fazem uso de medicamentos para induzir o parto. A prevalência de profissionais que afirmaram não existir protocolos assistenciais ao parto na instituição somou 80,8%. Conclusão: o presente estudo foi relevante para demonstrar que a maioria dos profissionais não usavam medicamentos aceleradores do trabalho de parto; consideravam a integridade das membranas antes da indução medicamentosa, com maior prevalência de uso da ocitocina em relação ao misoprostol nos casos de necessidade de indução com iguais condições do colo uterino. A maior parte dos profissionais afirmou ainda fazer uso de protocolos de assistência ao parto, embora não fossem os institucionais.

Partogram: Difficulties in the Work Process That Interfere in the Quality of Care

“…According to Aquino et al (2023), in their study and corroborating with Alcântara and Silva (2021) as an instrument for graphical representation of the evolution of labor, 65.4% of professionals stated that they always or almost always filled out the partogram, evaluating the progression of the first period of labor through the following criteria: dilation of the uterine cervix, descent and rotation of the cephalic pole, intensity, duration and frequency of uterine contractions and rupture of the ovular membranes.…”

“…The analysis of the variables verified at the time of opening the partogram allowed us to identify that 99.5% were started in the active phase of labor. Despite the adequacy of the opening records of the graph, the data show that the labor monitoring process is still ineffective, as 59.2% had only a single record (AQUINO et al, 2023).…”

“…During labor monitoring, the instrument has been particularly useful as it allows documentation and avoids unnecessary interventions, improving the quality of care at birth. However, despite recognition of the effectiveness of the instrument, many studies prove the low level of knowledge on the part of health professionals (AQUINO et al, 2023).…”

“…However, 61.5% and 80.8% do not value the records of descent and rotation of the cephalic pole and rupture of the ovular membranes, respectively. These aspects are considered fundamental for the diagnosis of failure to progress in the first period of labor, according to the National Guidelines for Assistance to Normal Childbirth, which confirms the underuse of the instrument by professionals (AQUINO et al, 2023).…”

Desenvolvimento de infográfico animado sobre intervenções obstétricas durante o trabalho de parto

“…No Brasil o trabalho de parto é marcado pelo uso de várias intervenções, medicamentos, tecnologias e procedimentos cirúrgicos sem necessidade e embasamento científico, o que prejudica o desencadeamento natural do parto, podendo causar riscos para a mulher e o recémnascido. Dentre as intervenções mais utilizadas no país podemos destacar o uso de ocitocina, amniotomia, enema, manobra de Kristeller, puxo precoce, episiotomia e cesariana (BRASIL, 2022;Aquino et al, 2023).…”